Sobreviventes do "ferry" culpam tripulação e serviços de socorro da Coreia do Sul
Seis sobreviventes do naufrágio do "ferry" sul-coreano culparam hoje a tripulação, que ordenou aos passageiros que se mantivessem nos camarotes, e os serviços de socorro por não ajudarem quem ficou preso nos primeiros momentos do acidente.
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Os seis estudantes, que testemunharam pela primeira vez, reconstituíram os acontecimentos de 16 de abril último, na primeira audiência de sobreviventes do desastre no processo contra o capitão do "ferry" e 14 tripulantes. A acusação mantém que o capitão e três tripulantes abandonaram a embarcação sem ter em conta a segurança dos passageiros, depois de atrasarem a operação de evacuação do "ferry". Este comportamento pode ter elevado o número de mortos para trezentos e quatro. De acordo com o relato de uma das estudantes, pelo menos trinta colegas obedeceram às ordens da tripulação e ficaram em fila indiana numa passagem do "ferry", que levava a uma saída de emergência, enquanto a embarcação se afundava. «Como não chegavam os serviços de socorro, muitos decidiram saltar para o mar. Depois de eu ter saltado, uma onda varreu a saída de emergência e os dez que se encontravam na passagem já não conseguiram sair», relatou a jovem, de acordo com uma agência noticiosa sul-coreana. Outra estudante afirmou que a guarda costeira sul-coreana recolhia apenas os jovens que se encontravam na água e não atuou para salvar aqueles que continuavam no "ferry" à deriva, apesar de estarem ao alcance das equipas de socorro. «Ficaram parados a ver o barco a afundar-se, mesmo depois de eu lhes ter dito que havia muitas pessoas presas junto à saída de emergência», afirmou a sobrevivente. Os seis estudantes foram unânimes ao afirmar que a tripulação insistiu para que ficassem nas cabinas durante o afundamento, e pediram ao tribunal "um castigo severo" para os responsáveis. Depois desta audiência, que decorreu à porta fechada e sem a presença dos 15 acusados no tribunal de Ansan, a sul de Seul, vão realizar-se outras para ouvir os testemunhos de dezenas de sobreviventes. O capitão e três dos tripulantes foram acusados de homicídio por negligência grave, crime passível da pena de morte, embora esta não seja aplicada na Coreia do Sul desde 1997. Os restantes 11 tripulantes foram acusados de conduta negligente resultante em morte e podem ser condenados a prisão perpétua.