A consulta popular às emendas da Constituição começou na quinta-feira e termina na próxima quarta-feira.
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A maioria dos russos, 76 por cento, aprovam o pacote de emendas constitucionais que, entre outras questões, permitiriam ao Presidente russo, Vladimir Putin, permanecer no poder até 2036, de acordo com uma sondagem divulgada nesta segunda-feira.
Este resultado refere-se aos quatro primeiros dias de votação da consulta popular às emendas da Constituição, que começou na quinta-feira passada e termina na próxima quarta-feira.
O Centro de Estudos de Opinião Pública (VTsIOM, na sigla em russo), que realizou a sondagem e é ligado ao Governo, indicou ainda que 23,6% dos participantes na pesquisa de opinião manifestaram-se contrários as emendas à Constituição e os 0,4% restantes declararam que anularam o voto.
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A data formal da "consulta popular" seria o dia 1 de julho, mas as autoridades abriram as assembleias de voto na quinta-feira passada para evitar ajuntamentos que podem provocar a propagação da pandemia de Covid-19.
Máscaras e gel desinfetante estão à disposição dos 110 milhões de eleitores em 11 fusos horários: de Moscovo a Vladivostoque, no Extremo Oriente.
Inicialmente o referendo esteve marcado para 22 de abril, mas foi adiado por causa da pandemia de Covid-19.
O processo legislativo de reforma da Constituição de 1993 foi iniciado por Vladimir Putin em janeiro e aprovado pelo Parlamento e previa a realização do referendo.
Para um dos principais oposicionistas do regime, Alexey Navalny, o único objetivo do voto é conceder a Presidência vitalícia a Vladimir Putin.
"É uma violação da Constituição, um Golpe de Estado", disse Navalny, através de mensagens divulgadas nas redes sociais.
A reforma autoriza o Presidente a manter-se no Kremlin durante mais dois mandatos, até 2036, ano em que cumpre 84 anos de idade.
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Devido às medidas impostas para combater a propagação do novo coronavírus, a campanha política da oposição contra o referendo foi inexpressiva. As manifestações previstas para o mês de abril não se realizaram devido ao confinamento obrigatório.
A página da internet Niet, que recolhia assinaturas de cidadãos russos que se opõem às reformas e à realização do referendo, foi bloqueada pelos tribunais.
Recentemente, Putin declarou na televisão que "ainda não decidiu se vai manter-se no Kremlin depois de 2024".
Paralelamente aos mandatos, o Presidente passa a reforçar poderes que permitem nomear ou afastar juízes, com mais facilidade.
A Constituição pode vir a ter um caráter mais conservador, passando a incluir a inscrição "Fé em Deus" e a consagrar o casamento como uma "instituição heterossexual".