Jens Stoltenberg dá “vários exemplos de sabotagem” russa aos aliados, como “incêndios, tentativas de ciberataques e desinformação”
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O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou esta quinta-feira que espera que a França continue comprometida com a Aliança Atlântica, independentemente de quem vier a governar o país. Perante a possibilidade de os franceses elegerem um governo de extrema-direita, de tendência pró-russa, Stoltenberg desdramatiza.
“Os aliados da NATO, independentemente dos diferentes partidos eleitos e das diferentes maiorias nos parlamentos, sempre se mantiveram comprometidos com a Aliança, porque é do interesse de segurança de cada aliado manter esse compromisso”, afirmou Stoltenberg, questionado sobre o impacto no compromisso da França com a NATO, depois das eleições europeias de domingo.
Em França, o partido Rassemblement National, que tem Marine Le Pen como um dos rostos principais, obteve a maior percentagem de votos, com 31,37%, consolidando a sua posição como a força dominante no país. A coligação Besoin d'Europe, composta por partidos como Renaissance, Modem, Horizons, entre outros, ficou em segundo lugar com 14,60% dos votos.
Perante estes resultados, o presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu a necessidade de responder ao "choque" eleitoral e à mensagem dos eleitores, dissolvendo a Assembleia e convocando eleições.
Perante a possibilidade de uma viragem política para a extrema-direita e a hipótese de um futuro governo de tendência pró-russa, o secretário-geral da NATO diz “esperar que a França continue a ser um aliado firme e importante também no futuro”.
Ao falar à entrada para a reunião na sede da Aliança Atlântica, em Bruxelas, na qual os ministros vão discutir as ações de “espionagem” de Moscovo no território dos próprios aliados, Jens Stoltenberg afirma que têm sido detetados “vários exemplos de sabotagem, incêndios, tentativas de ciberataques [e] desinformação”.
Jens Stoltenberg espera que sejam dadas respostas a estas ações, nomeadamente “uma maior sensibilização, troca de informações, 'intelligence', intensificação da proteção de infraestruturas críticas, incluindo infraestruturas submarinas e cibernéticas, e também restrições mais rigorosas ao pessoal russo de 'intelligence' em toda a Aliança”.
Com o apoio à Ucrânia também em cima da mesa, Stoltenberg “espera que os ministros da NATO concordem com um plano de assistência e treino de segurança da NATO para a Ucrânia, e discutiremos também um compromisso financeiro a longo prazo que espero que os líderes aliados concordem na cimeira da NATO em julho”.