Suécia, Finlândia e Noruega divulgam novos conselhos sobre como sobreviver à guerra ou a crises inesperadas
A proteção civil norueguesa e finlandesa distribuíram recentemente panfletos com recomendações e, esta segunda-feira, milhões de suecos vão começar a receber cópias de um folheto que aconselha a população sobre como se preparar e lidar em caso de guerra ou outras crises
Corpo do artigo
A Noruega, a Suécia e a Finlândia estão a aconselhar os seus habitantes a prepararem-se para lidar para a eventualidade de uma guerra ou de outras crises inesperadas, avança a BBC. A proteção civil norueguesa e finlandesa distribuíram recentemente panfletos com recomendações e, esta segunda-feira, milhões de suecos vão começar a receber cópias de um panfleto que aconselha a população sobre como se preparar e lidar em caso de guerra ou outras crises.
Os panfletos "If crisis or war comes" ("Se crises ou a guerra chegarem") foram atualizados e têm agora o dobro do tamanho relativamente aos avisos divulgados há seis anos. O ministro sueco da Defesa Civil já tinha avisado que o mundo está diferente e a guerra poderia chegar ao país. Por isso, a informação foi atualizada, no caso de crise ou guerra na Suécia.
Uma das recomendações mais importantes é ter comida e água potável para pelo menos três dias. Na lista de alimentos, estão batatas, couves, cenouras, ovos, latas de molho à bolonhesa e sopas de mirtilo e rosa-mosqueta. Outra mensagem que ganha destaque nos novos panfletos é a de que a Suécia nunca vai render-se, caso seja atacada por outro país. "Se a Suécia for atacada por outro país, nunca desistiremos. Todas as informações no sentido de que a resistência deve cessar são falsas", lê-se nos folhetos.
A Finlândia também emitiu recentemente novos conselhos online sobre "preparação para incidentes e crises". Numa secção detalhada sobre conflitos militares, o folheto digital finlandês explica como o Governo e o Presidente responderiam em caso de um ataque armado, sublinhando que as autoridades estão "bem preparadas para autodefesa".
O Governo de Helsínquia pede aos cidadãos que sejam capazes de criar barricadas para se protegerem em caso de crise. Também é perguntado como conseguiriam sobreviver vários dias sem energia elétrica e com temperaturas de inverno, com 20 graus negativos. São ainda aconselhados a ter na dispensa latas de feijão, massa, barras energéticas e medicamentos que incluam comprimidos de iodo, para o caso de acidente nuclear.
Na Noruega, os nacionais também receberam um panfleto para se prepararem em casos de guerra, fenómenos climáticos extremos e outras ameaças. O Governo explica que, devido às alterações climáticas, o risco de inundações e derrocadas aumentou. Oslo pede que os cidadãos tenham comida fácil de preparar, mantimentos para os animais e geradores em caso de falha de energia.
A distribuição destes panfletos acontece um dia depois de Biden ter autorizado a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance contra território russo. Putin afirmou a 25 de setembro, numa reunião do Conselho de Segurança da Rússia, que as propostas para "clarificar" a doutrina sobre o uso de armas nucleares incluem considerar como agressor da Rússia qualquer potência nuclear que apoie um ataque de um país terceiro.
A ofensiva russa em larga escala contra a Ucrânia iniciou-se em fevereiro de 2022 e os países ocidentais têm apoiado militarmente Kiev na sua defesa.
Durante a reunião do Conselho de Segurança da Rússia, Putin não especificou se a Rússia poderia responder a um ataque nos termos descritos.
A atual doutrina prevê que Moscovo use o seu arsenal nuclear "em resposta ao uso de armas nucleares e outros tipos de armas de destruição em massa contra si e/ou seus aliados, bem como em caso de agressão contra a Federação Russa com o uso de armas convencionais, quando a própria existência do Estado está em perigo".
Citada pela AP, a versão revista do documento prevê mais pormenorizadamente as condições do uso de armas nucleares, como em caso de um forte ataque aéreo envolvendo aviões, mísseis de cruzeiro ou 'drones' (aeronaves não-tripuladas).
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
No terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram, entretanto, a concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.