Suécia quer autorizar vigilância das comunicações das crianças para combater violência dos gangues

Estas escutas são possíveis em investigações de crimes puníveis com pelo menos quatro anos de prisão ou de crimes terroristas
Artur Machado/Global Imagens (arquivo)
Num momento em que o país regista um aumento de tiroteios e ataques com engenhos explosivos associados a ajustes de contas entre gangues, crianças de "dez e 11 anos" têm sido recrutadas para levar a cabo estes ataques, por ainda "não terem atingido a maioridade penal"
O Governo sueco quer permitir que a polícia monitorize secretamente as chamadas telefónicas e as comunicações eletrónicas de jovens com menos de 15 anos, para combater a violência dos gangues, anunciou esta quarta-feira o Executivo.
A Suécia enfrenta um aumento de tiroteios e ataques com engenhos explosivos associados a ajustes de contas entre gangues por causa do controlo do tráfico de droga.
Os autores destes ataques são, muitas vezes, jovens adolescentes, contratados como assassinos por não terem atingido a maioridade penal, fixada nos 15 anos.
"Hoje, estas redes estão a recrutar crianças de dez e 11 anos", disse o ministro da Justiça, Gunnar Strommer, numa conferência de imprensa, na qual revelou os resultados de uma investigação governamental sobre o recurso a vigilância de crianças.
"Armas e os explosivos estão a ser manuseados por jovens de 12 ou 13 anos. Os tiroteios e outros crimes violentos graves são frequentemente cometidos por jovens de 14 ou 15 anos", acrescentou Strommer.
A investigação concluiu que a lei deve ser alterada para que a polícia possa monitorizar as chamadas telefónicas e as comunicações eletrónicas de pessoas menores de idade criminal, explicou a especialista que liderou o processo, Gunnel Lindberg.
No entanto, para realizar tais escutas, será necessário "um grau de suspeição mais elevado do que o exigido no caso dos adultos", sublinhou.
Estas escutas são possíveis em investigações de crimes puníveis com pelo menos quatro anos de prisão ou de crimes terroristas, acrescentou a especialista.
Nos casos em que os suspeitos tenham mais de 15 anos, a investigação só deve ser possível caso esteja em causa um crime punível com, pelo menos, dois anos de prisão.
Segundo o ministro da Justiça, esta proposta será entregue para análise de especialistas e autoridades competentes, enquanto Gunnel Lindberg acrescentou que as alterações propostas deverão ser apresentadas até julho de 2026.
Em 2023, a Suécia registou 53 mortes no âmbito de 363 tiroteios, que acontecem cada vez mais em locais públicos e resultaram, em vários casos, em vítimas inocentes, como transeuntes.
