O referendo obteve a dupla maioria necessária para ser validado: maioria dos cantões e maioria de votos absolutos. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas diz que este é um resultado que tem de ser respeitado mas vê nele um mau sinal.
Corpo do artigo
Os suíços decidiram hoje em referendo voltar a limitar a entrada de cidadãos de países da União Europeia (UE) no seu mercado laboral, através da instituição de quotas anuais que devem aplicar-se daqui a três anos.
Os resultados oficiais de todos os cantões suíços -- à exceção de Zurique -- onde está por concluir o escrutínio do último distrito, que não alterará o resultado final -- indicam que a iniciativa denominada "Contra a Imigração em Massa" foi aceite por 50,3% dos votantes.
Proposta pelo Partido de extrema-direita, a União Democrática do Centro (UDC), também restabelece o princípio da preferência pelo trabalhador nacional face ao estrangeiro, que se encontrava abolida para todos os trabalhadores oriundos de algum dos países da União Europeia.
José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, diz que este resultado não foi surpreendente e tem de ser respeitado, mas é um mau sinal.
Sobre a comunidade portuguesa, José Cesário adianta que o Governo português vai «acompanhar com muita atenção este tipo de situações» e haverá um «diálogo permanente» com as autoridades suíças para que os interesses portugueses que estão na Suíça não sejam atingidos.
O secretário de Estado acredita que a comunidade portuguesa que já está na Suíça não deverá ter problemas. Já quem pretenda emigrar para a Suíça e não tenha níveis de qualificação adequados para aquilo que são as necessidades da sociedade suíça possam ter problemas, adianta.
As principais disposições do texto sobre o fim da imigração em massa devem ser inscritas na Constituição suíça, tal como prevê o sistema de democracia direta em vigor no país.
Principais disposições aprovadas:
- A Suíça gere autonomamente a imigração de estrangeiros.
- O número de autorizações emitidas para uma estada de estrangeiros na Suíça é limitado por quotas anuais e tetos.
- Limites máximos aplicáveis a todas as autorizações emitidas nos termos da lei de estrangeiros, incluindo o campo de asilo.
- O reagrupamento familiar e benefícios sociais podem ser limitados.
- Tetos e contingentes anuais para estrangeiros que exerçam uma atividade lucrativa devem basear-se nos interesses económicos globais da Suíça e no respeito pelo princípio da preferência nacional.
- Os critérios para a concessão de autorizações de residência são, nomeadamente, a procura do empregador, capacidade de integração e fonte de rendimento suficiente e autónoma.
- Os tratados internacionais contrários a estas disposições devem ser renegociados e adaptados nos próximos três anos,
- Se as novas leis não entrarem em vigor no prazo de 3 anos, o governo suíço deve estabelecer provisoriamente as disposições necessárias para a sua execução.