Dezenas de sul-coreanos encontram-se esta segunda-feira com familiares da Coreia do Norte que não vêem há 65 anos.
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Dezenas de sul-coreanos, partiram esta segunda-feira para a Coreia do Norte, onde se encontraram pela primeira vez com familiares dos quais foram separados desde a Guerra da Coreia (1950-53).
Os 14 autocarros, com 93 passageiros idosos, chegaram sob escolta policial da cidade portuária de Sokcho (nordeste) em direção à fronteira com a Coreia do Norte.
Até quarta-feira, os participantes vão estar cerca de 11 horas com familiares do Norte, na estância de esqui do monte Kumgang, sob a supervisão de agentes norte-coreanos, antes de se separarem, talvez para sempre.
No momento do reencontro, esta manhã, as palavras ficaram a meio entre lágrimas e abraços, conta a Reuters.
Lee Soo-nam, de 76 anos, diz estar feliz e grato que o seu irmão mais velho "tenha vivido tantos anos", tornando o reencontro possível.
Lee Keum-seom, de 92 anos, pode rever o filho que, ao fugir da guerra, teve de deixar com o marido no Norte e Seo Soon-gyo, de 55 anos, conheceu pela primeira vez os tios norte-coreanos. "Aceitem a minha profunda vênia", disse a sul-coreana,
Este é o primeiro grupo a visitar as famílias do Norte em 65 anos, entre os dias 20 e 22 de agosto. Um segundo grupo com 88 sul-coreanos vai rever as famílias entre os dias 24 e 26 de agosto.
Esta nova série de encontros de famílias separadas pela guerra, a primeira em três anos, decorre no quadro da reaproximação entre Seul e Pyongyang, iniciada no princípio do ano. Milhões de pessoas foram separadas pela Guerra da Coreia, que selou a divisão hermética da península.
Desde 2000, Seul e Pyongyang organizaram 20 séries de encontros de famílias divididas, sempre que se verificava uma melhoria das relações bilaterais. No entanto, 65 anos depois do armistício, o tempo é curto para os sobreviventes.
Inicialmente, 130 mil sul-coreanos eram candidatos a participar nos encontros. Uma imensa maioria já morreu e grande parte dos sobreviventes tem mais de 80 anos. Este ano, o mais velho tem 101 anos.
Alguns dos selecionados, num processo aleatório, para o encontro deste ano desistiram ao saber que os familiares do outro lado da fronteira já tinha morrido.
Norte e Sul continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito terminou com um armistício e sem a assinatura de um tratado de paz. As comunicações civis estão proibidas entre os dois lados.