Surfista perde perna em ataque de tubarão na Austrália, membro dá à costa e médicos avaliam recolocação
Um porta-voz da família, citado pelo The Guardian, garante que McKenzie está em estado estável no hospital, mas não revela se já foi tentada a recolocação da perna
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Um surfista foi atacado por um tubarão-branco na costa de Nova Gales do Sul, na Austrália, acabando por perder uma perna na luta com o animal. No entanto, o membro inferior do surfista acabou por ser transportada pelas ondas até à praia e os médicos avaliam se é possível a recolocação.
Tudo aconteceu na terça-feira, quando Kai McKenzie, um surfista amador de 23 anos, estava a praticar o desporto numa praia de North Schore quando foi atacado por um tubarão-branco de três metros.
O surfista conseguiu lutar com o tubarão e apanhar uma onda para a praia, ainda que tenha perdido uma perna no processo. Já em terra, foi auxiliado por um polícia que passeava um cão durante uma folga. A trela do animal foi utilizada para estancar a hemorragia e Kai McKenzie acabou por ser transportado de helicóptero para o hospital.
“Ele usou a trela do cão como um torniquete para envolver a perna do jovem e, essencialmente, salvou-lhe a vida até os paramédicos chegarem”, explicou Kirran Mowbray, chefe do serviço de socorro de Hastings South, citado pelo jornal britânico The Guardian.
Pouco depois, a perna arrancada do corpo do surfista acabou por também chegar à praia, trazida pelas ondas. Os habitantes locais colocaram-na em gelo e transportaram-na para o mesmo hospital, onde agora os médicos avaliam a possibilidade de a voltar a ser recolocada no corpo de McKenzie.
De acordo com um porta-voz da família, citado pelo The Guardian, McKenzie está em estado estável, a recuperar no hospital John Hunter, em Newcastle, não tendo sido revelado se uma cirurgia para tentar recolocar a perna terá sido realizada.
O jornal britânico falou com David Morgan, presidente da Associação Australiana de Cirurgia Plástica, para perceber qual a probabilidade de sucesso desse tipo de operações.
“É muito difícil de prever, porque se pode fazer uma reparação perfeita do nervo, mas o nervo pode não recuperar (...) Uma perna com os nervos completamente cortados pode ficar completamente dormente para sempre, não sendo realmente um membro funcional”, explicou Morgan.
Mesmo que o doente seja rapidamente transportado para o hospital e a perna seja conservada da melhor forma, a decisão será sempre dos médicos, explica David Morgan, visto que o membro pode não estar em condições para que a intervenção tenha sucesso.
O cirurgião australiano explica que esta é uma das cirurgias "mais desafiadoras" que os profissionais podem realizar. Dependendo das circunstâncias, a intervenção pode durar entre dez e 24 horas, sendo necessário a presença de especialistas em várias áreas da medicina.
“Não há um laser sofisticado que misture as coisas. É tudo muito mais coordenação mão-olho sob o microscópio operatório para juntar tudo, e é por isso que demora tanto tempo”, diz Morgan.
Mas há mais dificuldades: “Um corte muito limpo e afiado será muito mais fácil de voltar a montar do que algo que tenha muito mais esmagamento ou uma zona mais alargada de rasgões (...) Muitas vezes acabamos por encurtar um pouco o membro porque todo o tecido na zona da lesão não é útil, por isso, esse membro acaba por ser mais curto do que o outro, mesmo que seja bem-sucedido”, afirma Morgan.
Depois da cirurgia, mesmo que esta seja bem-sucedida, a recuperação também é demorada, além de que, mesmo que o membro se mantenha vivo, pode nunca mais funcionar como antes.
Morgan aponta para o aumento do uso de transplantes de mãos e braços nos últimos anos, “muitos dos quais são tecnicamente bem sucedidos, e muitos dos quais dão às pessoas uma função melhorada, mas não estão a funcionar como uma mão normal”.
“Quanto mais próximo do ombro ou da anca estivermos, mais significativos são os danos e mais tempo demorará a recuperar e menor será a probabilidade de recuperação”, explica o cirurgião.