Lana Peters, mais conhecida como Svetlana Estaline, morreu com 85 anos na semana passada em Wisconsin, nos Estados Unidos, onde se exilou em 1967.
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A filha do segundo casamento do líder da União Soviética Josef Estaline despediu-se da vida no anonimato, na miséria e sozinha.
A história da até agora única filha viva do antigo ditador começa a 28 de Fevereiro de 1926. Ao longo da sua vida mudou várias vezes de nome, procurando sempre apagar as ligações com o pai.
Em 1967, em plena Guerra Fria, fugiu da União Soviética e pediu abrigo aos Estados Unidos. A deserção obrigou-a a abandonar os dois filhos dos dois primeiros casamentos.
Quando chegou a Nova Iorque afirmou que ia à procura da auto-expressão que lhe tinha sido negada, disse que chegou a duvidar do comunismo e que acreditava que o mundo não se divida em capitalistas ou comunistas, mas em pessoas boas e más.
Svetlana Estaline foi criada por uma ama, a mãe suicidou-se quando tinha seis anos e os irmãos morreram, um num campo de concentração e outro devido ao abuso do álcool.
A filha de Estaline formou-se na Universidade de Moscovo. Queria estudar Artes, mas teve que seguir as ordens do pai e formou-se em História.
Trabalhou como professora e tradutora e escreveu vários livros, entre os quais uma autobiografia publicada em 1969 na qual denuncia o pai, fala do envio de milhões de pessoas para campos de trabalho forçado e diz que Estaline é um monstro moral e espiritual.
Escreveu ainda dois best-sellers, incluindo o livro "Vinte cartas a um amigo", que lhe rendeu 1,7 milhões de dólares. Há onze anos, numa entrevista a um jornal, disse que tinha perdido tudo.
Lana Peters - como gostava de ser tratada - lamentava ter que viver com a sombra do pai em tudo o que fizesse. Dizia ser feliz nos Estados Unidos, mas sabia que iria ser sempre uma prisioneira política do nome de Josef Estaline.