Em conferência de imprensa, os taliban disseram querer incluir as mulheres no Governo.
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Os taliban falaram pela primeira vez desde que assumiram o controlo do Afeganistão, em conferência de imprensa esta terça-feira, a partir de Cabul. Dizem sentir-se orgulhosos por terem conseguido emancipar o país e tornarem-se independentes. Para o seu futuro governo, prometem não guardar ressentimentos e garantem que ninguém será vingado.
"Ninguém vai ser tratado com vingança. Todos os colaboradores do anterior regime e tradutores dos EUA não serão maltratados caso regressem a casa. Vivemos momentos desafiantes e crises. Também foram cometidos erros, mas agora não queremos mais um cenário de guerra. Gostaríamos de viver pacificamente e não queremos ter inimigos internos e externos", asseguram os taliban.
O porta-voz Zabuhullah Mujahid garante também que as mulheres vão poder trabalhar e estudar, mas dentro do enquadramento da lei islâmica.
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"As mulheres islâmicas devem viver segundo a sharia e podem ter posições políticas relevantes em matérias como a saúde e a educação, matérias para as quais as mulheres estão vocacionadas", explica.
O movimento fundamentalista já tinha declarado anteriormente uma "amnistia geral" para todo o Afeganistão e pedido às mulheres que se juntassem ao futuro governo, numa tentativa de convencer a população de que os líderes talibãs mudaram e de acalmar o caos que tomou conta da capital e, sobretudo, do aeroporto de Cabul, onde milhares de pessoas desesperadas tentaram fugir do país, na segunda-feira, depois de os talibãs declararem vitória.
Apesar das promessas, a maioria da população mantém-se cética, com as gerações mais velhas a recordarem nitidamente o ultraconservadorismo islâmico defendido pelos talibãs nos anos 1990, incluindo as severas restrições às mulheres, os apedrejamentos, amputações públicas e o isolamento em relação ao resto do mundo.
Além disso, os taliban asseguram à comunidade internacional que o Afeganistão não será usado para receber extremistas da Al-Qaeda.
"O solo afegão não será usado contra ninguém", sublinhou Zabuhullah Mujahid.
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O discurso de Mujahid incluiu ainda a promessa de que os órgãos de comunicação social privados "irão manter-se independentes", embora tenha sublinhado que os jornalistas "não devem trabalhar contra os valores nacionais".
A capital do Afeganistão, Cabul, caiu nas mãos dos talibãs no domingo, no mesmo dia em que o Presidente afegão fugiu do país, em segredo e sem renúncia oficial, o que dececionou muitos cidadãos.
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