Tarifas dos EUA: eurodeputados defendem aposta em novos mercados, menos barreiras e mais poder de compra
O impacto das tarifas dos EUA na economia europeia esteve em debate em Estrasburgo, com apelos a uma resposta coordenada da União Europeia
Corpo do artigo
A resposta europeia às tarifas impostas pela nova administração norte-americana esteve em debate, esta terça-feira, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Entre os argumentos apoiados como formas de mitigar os efeitos do protecionismo norte-americano, os eurodeputados portugueses apelam a uma ação firme da União Europeia como resposta às tarifas comerciais impostas por Donald Trump.
No debate ficou patente a preocupação entre os eurodeputados portugueses com os efeitos das políticas comerciais de Donald Trump e a necessidade de uma resposta da UE, que aposte em novos mercados, remova entraves internos e reforce o poder económico dos seus cidadãos como formas de mitigar os efeitos do protecionismo norte-americano.
A eurodeputada social-democrata Lídia Pereira considerou urgente uma resposta coordenada dos 27, alertando para a necessidade de maior rapidez na busca de mercados alternativos, por exemplo, concretizando o acordo com Mercosul.
“Passaram cinco meses desde a assinatura do acordo do Mercosul. Se queremos proteger o nosso mercado, a nossa indústria, os nossos empregos, temos de ser mais eficazes”, afirmou, sublinhando que, “num mundo onde todos estão a disputar os mesmos mercados, quem chega tarde perde”.
Numa interpelação direta à eurodeputada Lídia Pereira, o eurodeputado comunista João Oliveira questionou a abordagem defendida e sugeriu que a resposta da UE deve começar por dentro, através de uma valorização do poder de compra europeu.
“A senhora deputada não considera que mais importante ainda é a dinamização do mercado interno, aumentando o poder de compra, aumentando salários e pensões, para que fiquemos menos vulneráveis e menos expostos às consequências que têm decisões como aquelas que Donald Trump tem tomado nos Estados Unidos?”, interrogou.
Lídia Pereira respondeu com abertura à sugestão, reconhecendo que a coesão interna europeia é essencial. “Se ao mercado interno se está a referir ao mercado interno europeu, eu não poderia concordar mais”, declarou.
Também o social-democrata Paulo Nascimento Cabral defendeu medidas internas focadas na remoção de obstáculos regulatórios.
“Sempre que Trump nos fecha uma porta, a União Europeia tem de abrir uma janela”, afirmou, citando dados do Fundo Monetário Internacional que “estima que os custos das barreiras regulatórias dentro da União Europeia equivalem a tarifas de 44% nos bens e até 110% nos serviços”. Para o eurodeputado, “reduzir estas barreiras mais do que mitigará o impacto das tarifas externas”.
Já o socialista Francisco Assis apelou a uma estratégia de abertura comercial global por parte da UE, criticando o protecionismo de Washington.
“Devemos deixar claro que o mercantilismo protecionista nunca foi e não será a solução e que as tarifas impostas pelos Estados Unidos representam um retrocesso penalizador da economia global, dos consumidores, sobretudo dos mais pobres e das empresas”, afirmou Francisco Assis, considerando que, “neste contexto, a Europa deve afirmar-se como a região do livre comércio e deve reforçar os laços com parceiros que nos são mais próximos”.