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João Cláudio, prior em Niterói, tem interesses variados, incluindo ser cinturão roxo em jiu-jitsu. Derruba rivais antes de celebrar eucaristias
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Há milhões de fãs da saga Guerra das Estrelas. E há milhões de fãs de livros de super-heróis. Há ainda quem adore tatuagens. E quem adore praticar artes marciais. No Brasil, ser adepto de um clube de futebol também é normal. Assim como desfilar no Carnaval. Menos comum, talvez, seja interessar-se por exorcismo. E gastar todas as poupanças só para conhecer o Papa Francisco.
Pois João Cláudio Nascimento reúne tudo aquilo que foi descrito. São tantos interesses que as pessoas perguntam-se como tem ele tempo para exercer uma profissão. E exerce: é padre.
O padre João Cláudio, geek inveterado, com 20 tatuagens pelo copo, cinturão roxo de jiu jitsu, fanático pelo Botafogo, passista na escola de samba de Viradouro, atrai 4.000 fiéis à sua pequena paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Niterói, cidade virada de caras para o Rio de Janeiro.
Mas o padre, que aos sábados derruba rivais no tatame e ao domingo celebra missas, não era uma figura tão incomum para a sua profissão até 2016. Nesse ano, foi diagnosticado com um cancro terminal e quis aproveitar para juntar todas as suas paixões à paixão original, o sacerdócio. Sucede que o diagnóstico se revelou errado e hoje vende saúde.
Como o bispo do Rio de Janeiro não vê inconveniente nenhum nos seus interesses, por mais que pareçam invulgares para um padre, ele lá segue a sua vida. Uma vida que vai até dar um livro, escrito por um jornalista amigo.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.