Teixeira dos Santos: Eleições na Grécia são decisivas para «o futuro de Portugal no euro»
O ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos afirmou na noite de sexta-feira em Coimbra que «este domingo vai ser um dia decisivo para o futuro de Portugal no euro», não por causa do futebol, mas das eleições na Grécia.
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«Não estou a pensar no Euro, Campeonato Europeu de Futebol» - domingo «também vai ser importante nesse domínio» -, mas «no euro, na moeda que usamos todos os dias», advertiu o ex-governante durante a conferência que proferiu num hotel de Coimbra.
Dos resultados das eleições na Grécia, «muito poderá depender o evoluir dos acontecimentos e o evoluir da crise que tem afetado a zona euro», sustentou.
«Este domingo será um dia importante não só para os gregos -- e acima de tudo para os gregos --, mas para todos os cidadãos» da união económica e monetária, «muito em especial de Portugal», salientou Teixeira dos Santos.
Uma «tempestade que possa vir do lado da Grécia terá repercussões imediatas em Portugal», afirmou o anterior responsável pela pasta das Finanças.
Os mercados «estarão atentos à Grécia e se alguma coisa correr mal» neste país «voltar-se-ão de imediato» para Portugal, que será «um foco de atenção muito importante no evoluir da crise da zona euro», acrescentou.
Durante a sua intervenção, integrada no ciclo de conferências 'Há luz ao fundo do túnel?', promovido pelo Clube MBA da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Teixeira dos Santos defendeu que a crise na zona euro só será ultrapassada com uma intervenção a nível comunitário -- a Europa não pode "teimar em deixar os países entregues a si próprios".
São necessárias, sustentou, «uma política orçamental comum», designadamente com «decisões vinculativas» e «mutualização da dívida», «regulação e supervisão comum do sistema financeiro», políticas de crescimento, através da mobilização de recursos comunitários, e «a clarificação da política estratégica do projeto europeu».
Mas, advertiu, «se queremos partilhar o risco da nossa dívida, temos de estar preparados para partilhar as decisões».
No plano nacional, a resposta à crise deve passar, na perspetiva do antigo governante, pelo «ajustamento orçamental», pela «estabilidade do sistema financeiro», por uma estratégia de crescimento (envolvendo reformas estruturais) e pela estabilidade política.
«A estabilidade política é um dado fundamental e o caso grego ilustra bem isso», advogou Teixeira dos Santos, considerando que este aspeto é «um elemento diferenciador e credibilizador» de Portugal.
Sobre a hipótese de a Grécia abandonar a moeda única, o ex-ministro das Finanças acredita que não há na Europa «vontade de fazer saltar os gregos do euro» e «que se chegará a um entendimento» para evitar que isso aconteça.