"Têm atacado absolutamente tudo." Radicais islâmicos intensificam violência em Cabo Delgado
Há testemunhos de que a violência está agora por todo o lado na província mais pobre de Moçambique.
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A violência não para em Cabo Delgado e as pessoas que vivem nesta província moçambicana estão de novo em fuga. A maioria acompanha os religiosos que fogem à violência dos radicais islâmicos.
Há testemunhos de que a violência está agora por todo o lado na província mais pobre de Moçambique. Os ditos jihadistas andam de aldeia em aldeia a matar, raptar e queimar tudo. Apesar de se identificarem como radicais islâmicos, gente do daesh, não há sinais de religião na forma como arrasam tudo por onde passam.
"Eles têm atacado absolutamente tudo. Têm atacado igrejas, têm atacado mesquitas. Há novos deslocados, há missionários também já deslocados. Outros missionários estão a fazer esse esse percurso no sentido de se protegerem e também protegerem a população", contou à TSF uma religiosa, através de mensagem gravada.
À fundação Ajuda a Igreja vão chegando também relatos de quem sofre. Nas aldeias de Cabo Delgado resta a fuga. A presença de soldados moçambicanos parece não sossegar ninguém e a população tende a seguir os missionários na esperança de que, junto deles, haja mais segurança. Nos últimos dias têm chegado cada vez mais pessoas a Pemba, a capital da província.
Uma das poucas organizações não governamentais que resiste em Cabo Delgado, com muita dificuldade, é a Cáritas, mas já não têm dinheiro para acudir a tanto deslocado e medo.
"Temos vindo a receber muitos pedidos para poder ajudar essas famílias, mas por conta de falta de recursos financeiros estamos de mãos atadas e não temos como responder", admitiu Betinha Ribeiro, gestora de projetos em Pemba.
Os doadores seguem as atenções do mundo, que têm estado, nos últimos tempos, muito mais viradas para a Faixa de Gaza e para a Ucrânia. A Cáritas diz que precisava de 200 mil euros para socorro imediato aos deslocados e 500 mil para garantir apoios a mais longo prazo.
São já cinco mil pessoas que voltaram a deixar tudo, incluindo as machambas, as hortas que lhes garantiam o dia seguinte.