Mark Rutte escusou-se esta quarta-feira a comentar o impacto das tarifas alfandegárias norte-americanas sobre os aliados: “Isso é competência dos governos nacionais”
Corpo do artigo
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, garantiu, esta quarta-feira, que Washington mantém-se comprometido com a defesa europeia. Mas a falar na sede da Aliança Atlântica, em Bruxelas, Rutte avisou que a Europa deve preparar-se o quanto antes para garantir a sua própria segurança.
“O que temos de garantir é que somos capazes de defender o território da NATO não apenas hoje, mas também daqui a cinco anos. E isso significa mais gastos, mais produção de defesa”, afirmou, acrescentando que “para a NATO, significa que iremos trabalhar na definição de normas relativas às capacidades” e, para os parceiros europeus, implica “trabalhar no funcionamento do mercado interno, por exemplo, no que diz respeito à produção industrial de defesa”.
“Temos aqui uma divisão clara de tarefas”, frisou o secretário-geral da Aliança Atlântica, considerando que se trata de algo “que é muito positivo”.
Num mundo cada vez mais multipolar, Rutte referiu que as ameaças não se limitam à Rússia. “Vemos os chineses a reforçar-se, vemos o que está a acontecer no Irão, vemos o que está a acontecer na Coreia do Norte. E é por isso que o Japão, a Coreia, a Austrália e a Nova Zelândia se irão juntar a nós”, exemplificou.
Confrontado pelos jornalistas com recentes as declarações de Donald Trump sobre a eventual anexação do território da Gronelândia, o secretário-geral da Aliança não comentou diretamente, mas destacou a crescente atenção da NATO ao Ártico.
“Sabemos o que se está a passar por ali. Sabemos que os chineses estão a aproveitar a abertura das rotas marítimas. Sabemos que os russos estão, cada vez mais, a armar essa parte do mundo”, afirmou. “Sabemos que temos um problema, por exemplo, muito prático: não temos quebra-gelos em número suficiente. Pode parecer um detalhe, mas não é — é importante”, exemplificou, salientando o “envolvimento crescente” da NATO na região.
Sobre uma eventual escalada protecionista por parte dos Estados Unidos, Rutte lembrou que estas matérias escapam ao âmbito da Aliança Atlântica e, “quando se trata de política orçamental, ou, por exemplo, de toda esta questão da imposição de tarifas, trata-se realmente de uma competência dos governos nacionais”.
Segundo uma fonte diplomática, a reunião ministerial de quinta-feira e sexta-feira, em Bruxelas, decorrerá num ambiente de “grande expectativa” e de incerteza crescente quanto ao envolvimento de Washington na defesa europeia. O que se torna cada vez mais consensual entre os aliados é a necessidade do “incremento da despesa militar” ou o “investimento em defesa”, para lá da meta de 2% do PIB, esperando-se que na cimeira da NATO, em Haia, agendada para Junho, seja fixado um novo teto de 3,5%, para ser atingido até 2030.