O presidente turco diz que este "ato de traição" é razão suficiente para fazer uma limpeza no exército, não deixando de frisar que se tratou de um golpe de uma minoria que não aguenta a união do país.
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Erdogan foi recebido em clima de festa em Istambul e não perdeu tempo a falar ao país. Acusou os golpistas de traição, falou na necessidade de limpar o exército, recusou a entregar o país, e reafirmou a ideia de que esta minoria recebe ordens de Fethullah Gülen, o líder religioso que vive exilado na Pensilvânia, e que é considerado o principal inimigo do presidente turco.
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Nesta altura, as últimas bolsas de resistência dos golpistas estão no ar e são agora perseguidos pelos caças ao serviço do governo.
Além dos 17 polícias mortos em Ancara, pelo menos seis civis morreram e cem outros ficaram feridos em Istambul. Contam-se ainda 12 feridos, incluindo dois em estado grave, após um bombardeamento no parlamento turco, em Ancara.
Como tudo começou:
Na Turquia registaram-se disparos em Ancara. Várias testemunhas, citadas pela agência Reuters, revelaram ter ouvido tiros, ao mesmo tempo que aviões e helicópteros militares sobrevoavam a capital turca.
Também em Istambul havia meios militares a sobrevoar a cidade. O canal de notícias NTV adiantava entretanto que foram fechadas as duas pontes sobre o Bósforo, que ligam a Europa à Ásia. Sobre as pontes mantinham-se inúmeros veículos.
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse numa comunicação na televisão turca que se trata de uma tentativa de tomada do poder por parte dos militares. Binali Yildirim pedia calma à população e garantia que já tinham sido tomadas medidas militares para travar o golpe. O governante garantia ainda que nada iria por em causa a democracia turca e que os responsáveis iriam pagar um preço elevado.
Todos os voos de e para o Aeroporto de Istambul Atatürk foram cancelados, segundo a Reuters.
A CNN turca deu conta de que foram feitos reféns no quartel-general das forças armadas de Ancara, algo que foi desmentido, mas que o presidente Recep Tayyip Erdogan estava seguro.
O acesso às redes sociais no país foi limitado.
As forças armadas da Turquia responsáveis pelo golpe de Estado, num comunicado de imprensa enviado por email, afirmaram ter tomado o poder no país. Mais tarde, os militares ocuparam a televisão estatal turca, que por momentos parou de transmitir, e que agora se limita a passar mensagens dos militares. Os militares anunciaram que estava imposta a lei marcial na Turquia, com recolher obrigatório.
Os golpistas começaram por afirmar que uma nova constituição seria preparada assim que possível, que o governo não tinha respeitado a lei, e que o país agora era gerido por um "conselho da paz" que iria garantir a segurança da população.
O exército turco dizia que o seu objetivo era proteger a democracia e manter os direitos humanos, acrescentando que as relações externas seriam para manter e que a letra da lei seria uma prioridade.
Entretanto, Erdogan esteve ao telefone com a CNN turca, enquanto regressava a Ancara, onde afirmou que o golpe estava a ser levado a cabo por uma minoria entre os militares. Erdogan falava num ato apoiado por uma estrutura paralela, que iria ter a resposta necessária. O presidente pediu à nação que se unisse e saísse para as ruas, rematando que a Turquia iria ultrapassar esta revolta e que estes militares iriam pagar um preço elevado. Erdogan não acreditava no sucesso destes militares e dizia que as coisas se iriam resolver rapidamente.
O apelo de Erdogan pareceu estar a ganhar força. Com muitos apoiantes do governo nas ruas, a enfrentarem o exército, a única alternativa das forças armadas foi disparar sobre estas pessoas, que não estavam armadas. A balança começava a pender para o lado do governo.
Nas últimas horas, e segunda uma agência estatal turca, 17 polícias foram mortos nos confrontos. Um caça ao serviço do governo terá também abatido um helicóptero ao serviço dos golpistas.
Alguns partidos da oposição já vieram a público criticar o golpe de Estado, afirmando que o país já sofreu muito com atitudes semelhantes.
O governo turco acusou prontamente o movimento Hizmet de estar por trás deste golpe, algo que já foi negado pelo clérigo Fethullah Gülen, que condenou os militares. "Há mais de 40 anos que Fethullah Gülen e o Hizmet têm defendido e demonstraram o seu compromisso com a paz e a democracia", comunicou o movimento. "Denunciamos intervenções militares na política interna. Esses são os valores fundamentais do Hizmet. Condenamos qualquer intervenção militar na política interna da Turquia".
Já este sábado, a televisão turca TRT voltou a emitir normalmente, depois de os soldados que ocuparam as instalações terem abandonado o espaço. A apresentadora que leu o comunicado dos militares explicou que foi forçada a fazê-lo. A saída dos militares da emissora foi celebrada por centenas de civis.
A televisão CNNTurk anunciou que o presidente Erdogan já chegou ao aeroporto de Istambul, mas que, apesar de o golpe de Estado parecer ter fracassado, o Parlamento ainda chegou a ser bombardeado. O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, considerou "a situação largamente sob controlo"
Cerca de 30 militares do lado do golpe de Estado renderam-se perante a polícia, na Praça Taksim, em Istambul.