Terceiro suspeito da morte de jornalista e ativista na Amazónia entrega-se à polícia
Terá sido este terceiro suspeito que disparou várias vezes contra o barco onde seguia o jornalista britânico e o ativista brasileiro.
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O terceiro suspeito da morte do jornalista britânico Dom Phillips e do especialista em povos indígenas Bruno Araújo Pereira entregou-se à polícia. Foi denunciado por Amarildo da Costa de Oliveira, o primeiro suspeito a ser detido, e disse à polícia que Jefferson da Silva Lima estava com ele no momento do crime.
Terá sido este terceiro suspeito que disparou várias vezes contra o barco onde seguia o jornalista britânico e o ativista. A justiça do Amazona emitiu, de imediato, um mandado de captura e Jefferson da Silva Lima entregou-se este sábado na esquadra da polícia federal em Atalaia do Norte.
O homem já confessou que participou no crime, mas negou ter feito qualquer disparo. Agora ainda vai ser interrogado, mas já disse às autoridades que há mais pessoas da comunidade envolvidas.
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Segundo fontes da polícia federal citadas pela Globo, o crime terá acontecido depois de Bruno Pereira ter fotografado o barco onde estavam Jefferson e Amarildo. Seguiu-se uma discussão e perseguição.
A polícia acredita que quem conduzia o barco terá sido o primeiro a ser atingido pelos disparos dos dois homens e, depois, Dom Philips também acabou por ser assassinado. Por esclarecer está ainda o papel de Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo, neste crime.
O duplo homicídio ocorreu dias depois de o Presidente dos EUA, Joe Biden, ter realizado uma reunião com o homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro.
O desaparecimento dos dois homens reavivou as críticas contra o chefe de Estado brasileiro, acusado de incentivar as invasões de terras indígenas com os seus discursos a favor da exploração dos recursos da maior floresta tropical do mundo.
As autoridades brasileiras revelaram na sexta-feira que acreditam que os responsáveis pela provável morte do jornalista e ativista na Amazónia "agiram sozinhos", numa altura em que admitem que vai registar-se mais detenções.
As autoridades confirmaram também este sábado que os restos humanos, no local onde um dos principais suspeitos confessou ter assassinado Dom Phillips e o ativista brasileiro Bruno Araújo Pereira, são do jornalista britânico.
Na quarta-feira à noite, as autoridades encontraram restos humanos no local, numa zona remota da Amazónia. Os corpos chegaram na quinta-feira à noite a Brasília num avião da Polícia Federal.
Phillips e Araújo desapareceram a 05 de junho quando navegavam num rio no Vale do Javari, uma região de selva perto das fronteiras do Brasil com o Peru e a Colômbia, onde tinham viajado para recolher material para um livro em que o jornalista estava a trabalhar sobre as ameaças enfrentadas pelos indígenas na região.
As duas pessoas detidas até agora são dois irmãos pescadores da região que Bruno Araújo já tinha denunciado por praticarem pesca ilegal em zonas proibidas, como reservas indígenas.