Uma pequena embarcação com 72 passageiros zarpou de Tripoli rumo à ilha italiana de Lampedusa mas pelo caminho morreram 61 pessoas à fome e sede. O barco esteve 16 dias à deriva, sem a ajuda de ninguém. O caso é hoje denunciado pelo jornal inglês The Guardian.
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«O Mediterrâneo não pode tornar-se num faroeste e aqueles que não salvam pessoas do mar não podem ficar impunes», afirma Laura Boldrini, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que deixou também um apelo a uma cooperação mais eficaz entre navios comerciais e militares.
Palavras proferidas depois de 61 pessoas terem morrido no Mediterrâneo, após o barco onde viajavam ter ficado à deriva durante 16 dias.
No dia 25 de Março, a pequena embarcação com 72 passageiros zarpou da capital líbia, Tripoli, rumo à ilha italiana de Lampedusa após 18 horas de viagem teve problemas e começou a perder combustível.
Através de um telefone satélite, as pessoas do barco ligaram para Roma para o padre Moses Zerai, que dirige uma organização de defesa dos direitos dos refugiados.
O padre avisou a guarda-costeira italiana que garante ter emitido o pedido de socorro. Mas o que se seguiu foi uma série de mal-entendidos ou factos, no mínimo estranhos, que resultaram na morte das 61 pessoas, incluindo dois bebés.
Um helicóptero tripulado por dois homens com fardas descritas pelos sobreviventes como sendo militares apareceu e deixou algumas garrafas de água e pacotes de bolachas e fez sinais que indicavam para os refugiados aguentarem que a ajuda estava caminho.
Uma ajuda que nunca chegou. O barco chegou a estar muito próximo de um porta-aviões que não prestou qualquer auxílio.
A Guarda Costeira italiana diz que avisou Malta de que o barco se dirigia para lá e rejeita qualquer responsabilidade. Já Malta nega qualquer envolvimento ou contacto com o barco.
O porta-aviões seria francês mas as autoridades de Paris negam e a NATO diz que ajuda sempre quem pede ajuda, o que não foi o caso.
Os defensores dos direitos humanos já exigiram uma investigação a este caso.