Em declarações à TSF, o alpinista João Garcia diz acreditar que o povo terá força para reconstruir o que foi destruído
Corpo do artigo
O Tibete foi abalado esta terça-feira por um sismo 7,1 na escala de Richter. Há 95 mortos até ao momento e mais de 130 feridos.
O alpinista João Garcia já esteve nas zonas do Tibete e Nepal afetadas pelo sismo. Lembra que “os Himalaias estão em cima de placas tectónicas que estão constantemente a movimentar-se e quando acontece um terramoto acaba por ser daqueles muito violentos”.
O sismo, de magnitude 7,1 na escala de Richter, teve o seu epicentro a 23 quilómetros da cidade de Shigatse, perto da fronteira com o Nepal e a 75 km a nordeste do Monte Evereste. João Garcia conta que Shigtase é uma cidade já com alguma dimensão e onde as construções tradicionais costumam ser muito frágeis, no entanto, há já construções modernas, com construção antissísmica.
O alpinista, que tem no seu currículo a subida às cinco montanhas mais altas do mundo, explica que “estas grandes cordilheiras são formadas pela atividade sísmica”.
“Em alpinismo é uma coisa que nos preocupa muito, esta atividade sísmica que pode deslocar materiais que possam deslocar em situações muito instáveis e vem tudo por aí abaixo”, diz.
João Garcia conta que no Paquistão “ainda é mais terrível”, um local onde há a confluência de sete cordilheiras e onde se assiste a 50 movimentos sísmicos por dia.
Apesar de o número de mortos (95, até ao momento) e feridos (mais de uma centena) provocados por este sismo no Tibete, o alpinista português acredita que a população vai aceitar a situação com toda a naturalidade. No local tem assistido à destruição provocada pelas chuvas das monções.
”Das primeiras vezes que fui ao Nepal e Tibete eu observava as pontes sobre os ribeiros e aquilo era tudo muito precário e eu, que não sou engenheiro, tinha a ideia de que as coisas podiam ser mais fortes, mais bem construídas”, conta.
João Garcia lembra que no local as populações lhe explicaram que não valia a pena, porque todos os anos aquelas pontes seriam destruídas pela força das águas. As pessoas apanhavam as mesmas madeiras e reconstruiam-nas.
”Eles têm esse mindset, de que existem na natureza forças muito violentas e que o melhor é alinharem com essa violência, reconstruir e usufruir enquanto é possível. É um estado de espírito”, conclui.