"Todo o mundo que sofre continua esperando para saber quem mandou matar Marielle"
Entre os mais chocados com as informações que vêm sendo reveladas a conta-gotas sobre Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, os dois acusados do crime, está a única sobrevivente da execução, a assessora de Marielle Franco, Fernanda Chaves.
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O Brasil está em suspenso com a notícia da prisão de dois suspeitos de terem executado o atentado que vitimou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março do ano passado.
Entre os mais chocados com as informações que vêm sendo reveladas a conta-gotas sobre Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, os dois acusados, está a única sobrevivente da execução, a assessora Fernanda Chaves.
"Olhar para a fotografia daquelas pessoas acusadas de terem metralhado o carro em que eu estava e em que a Marielle morreu é um sentimento que ainda não consigo processar ou nomear", desabafa à TSF, nos instantes depois dos rostos de Lessa, um polícia militar reformado de 48 anos, e Queiroz, um ex-polícia expulso da corporação, de 46, serem divulgados na televisão.
"De todas as formas é um passo importante, muito mesmo, acho que as promotoras e todos os envolvidos na investigação merecem os parabéns, um ano é muito tempo, é tempo demais, mas esta etapa é importante", prossegue Fernanda, que desde o crime já morou em Espanha e em Itália e hoje está no Brasil mas em morada secreta por razões de segurança.
"Mas isto tem de servir para que se chegue ao mandante ou aos mandantes, precisamos saber quem mandou matar Marielle, foram apreendidos materiais e equipamentos que, acho eu, podem ajudar, podem ser a peça que faltava para se chegar ao mandante, essa resposta, a condenação final de todos os envolvidos o Estado deve-nos, todo o mundo que sofre com o atentado continua esperando para saber quem, afinal, mandou matar Marielle".
A detenção de Ronnie Lessa aconteceu às 4.30, hora local do Rio de Janeiro, menos três do que em Lisboa, num condomínio de classe alta na Barra da Tijuca - por coincidência o mesmo em que morava Jair Bolsonaro, antes de passar a habitar o Palácio do Alvorada, em Brasília, na qualidade de presidente da República. Os investigadores da Operação Lume, assim batizada em referência à Praça Buraco do Lume, onde Marielle prestava contas aos eleitores da sua atividade parlamentar, recolheram computadores, telemóveis e documentos enquanto buscavam fundos falsos em todo o terreno da casa e retiraram telhas à procura de possíveis esconderijos de armas e munição.
Mais ou menos à mesma hora, no bairro do Engenho Novo, na zona norte do Rio, a casa de Queiroz, que foi detido à saída para o seu emprego, como segurança privado, também passou por um trabalho minucioso.
Lessa é suspeito de ter disparado os 13 tiros que vitimaram Marielle e Anderson. Queiroz de estar ao volante. A polícia acredita que mais uma pessoa seguia na viatura.