Toros de morte já dividem Espanha. Localidade de Tordesilhas promete boicote às urnas por causa da "tradicion".
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É uma tradição tão antiga como o Tratado de Tordesilhas assinado por Portugal e Espanha há mais de cinco séculos. Há quinze dias foi criada uma plataforma de defesa da festa do "Toro de la Vega". "A defesa da festa, como a conhecemos, há mais de 500 anos", diz José Obejero, membro da plataforma ao mesmo tempo que acrescenta que "por agora é preciso acatar a lei porque a lei é decreto real e portanto Tordesilhas sempre esteve com a lei e vamos continuar a estar com ela".
A tradição manda que, todos os anos, na primeira semana de setembro, um touro seja largado pelas principais ruas de Tordesilhas e depois, na veiga, junto ao rio Douro, o touro poderá ou não morrer, numa luta direta com um lanceiro. Agora esta tradição está proibida. Alberto Gabilanes, outro membro da plataforma, culpa os políticos.
" Há uma frase que agora se diz muito; os políticos agora não nos representam. Estão um pouco alheados do que é a sociedade e em Tordesilhas sentimo-lo na pele. Fizeram-nos um decreto, cortaram-nos a nossa liberdade. A liberdade para podermos decidir nós as nossas festas". E acrescenta que "em democracia se pede a opinião do povo e neste caso ninguém pediu a opinião ao povo".
No passado sábado a praça maior de Tordesilhas foi palco de uma grande manifestação contra a lei e no próximo domingo, dia de eleições, o protesto estará no boletim de voto, dizem os defensores da tradição do "Toro de la Vega".
"Este domingo cada um escolherá em quem vai votar. Eu acredito que em Tordesilhas as pessoas pensam que ninguém nos representa e cada um que faça o que bem entender, voto nulo, voto branco", diz Alberto Gabilanes. José Obejero continua afirmando que "vamos votar porque é um direito nosso. É dos poucos direitos que existem nesta democracia e dentro desse direito cada um fará o que achar melhor.