A procuradora do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou hoje a abertura de uma investigação preliminar, etapa prévia a um inquérito, a presumíveis crimes de guerra cometidos contra palestinianos, incluindo durante o último ano em Gaza.
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A investigação preliminar visa determinar se existe «base razoável» para iniciar um inquérito, precisou o gabinete da procuradora Fatou Bensouda num comunicado, adiantando que a investigação será conduzida «com total independência e imparcialidade».
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Avigdor Lieberman, já classificou como «escandalosa» a abertura da investigação preliminar pelo TPI, considerando que o seu «único objetivo é minar o direito de Israel de se defender contra o terrorismo». Segundo o ministério, o chefe da diplomacia do Estado hebreu defendeu que Israel não deve colaborar com essas investigações.
A decisão da procuradora surge depois de a Autoridade Palestiniana ter aderido formalmente ao TPI no início do mês, o que permite que queixas contra Israel sobre crimes de guerra e contra a humanidade sejam investigadas a partir de 1 de abril.
A última guerra na faixa de Gaza, iniciada em meados de junho e que durou cerca de dois meses, matou perto de 2.200 palestinianos e 73 israelitas.
A adesão da Palestina ao TPI é vista como uma mudança de estratégia da Autoridade Palestiniana para internacionalizar a sua campanha pelo estabelecimento de um Estado, afastando-se do processo de negociações de paz mediado pelos Estados Unidos, num impasse.
O pedido de adesão ao tribunal internacional foi feito depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter rejeitado uma resolução que estabelecia um prazo de 12 meses para a obtenção
Israel e os Estados Unidos criticaram o plano palestiniano, que Washington classificou como «contraproducente».
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse no início do mês que Israel iria opor-se a que os seus soldados e oficiais enfrentem acusações de crimes de guerra perante o TPI.