"Trabalho muito complicado." Ainda se contabilizam os mortos em Moçambique após ciclone Chido
Há locais onde as autoridades moçambicanas ainda não conseguiram chegar
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Um novo balanço das autoridades moçambicanas depois da passagem do ciclone Chido aponta para 34 vitimas mortais, mas as organizações locais falam já em 37 mortos e um número indeterminado de feridos.
A zona sul das províncias de Cabo Delgado e norte de Nampula, com incidência nos distritos de Mecufi, Erati e Memba foram as regiões mais afetadas. ”No distrito de Mecufi [extremo sul de Cabo Delgado] está praticamente tudo destruído, a destruição ronda os 90%”, conta o coordenador da Helpo em Moçambique. ”A maior parte das pessoas vive em casas de construção precária, o distrito de Mecufi é grande, com muitas dificuldades de acesso, com estradas em mau estado, agravado por causa da chuva, por isso acredito que esse número [de vítimas] vá aumentar nas próximas horas”, lamenta Carlos Almeida.
"Neste momento ainda não sabemos o verdadeiro número de pessoas afetadas, fala-se em 200 mil pessoas afetadas, mas acreditamos que esse número vá subir porque, enquanto falamos, estão a fazer novas avaliações”, continua. Carlos Almeida conta que o Instituto Nacional de Gestão de Redução de Desastres (INGD), em parceria com as organizações locais e internacionais e até as Nações Unidas, estão no local, mas acredita que “vai ser um trabalho muito complicado”.
Dois dias depois da passagem do Ciclone Chido, toda a zona afetada continua sem energia elétrica e com muitos problemas de ligações de internet e telefone. No distrito de Mecufi, o centro de saúde está completamente destruído, por esse motivo, a população não tem acesso a cuidados de saúde e necessita de abrigo e comida. Muitas salas de aula nas escolas ficaram também destruídas.
“A Helpo está empenhada numa campanha para recolha de fundos para ver se conseguimos apoiar estas comunidades”, adianta Carlos Almeida.
Entre os impactos preliminares já contabilizados, até às 18h00 locais de segunda-feira, a situação já afetava 174.518 pessoas, num total de 34.219 famílias, além de 11.744 casas parcialmente destruídas e 23.598 totalmente destruídas. Foram afetadas igualmente cinco casas de culto, nove escolas e 34 unidades de saúde.
O ciclone tropical, que se formou a 5 de dezembro no sudoeste do Oceano Indício, entrou no domingo pelo distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, no norte do país, com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora e chuvas fortes.