Ex-presidente do Brasil arrisca ficar de fora das próximas eleições presidenciais, se for esse o entendimento da corte eleitoral. Aliados já trabalham com cenários de derrota e de sucessão.
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Os sete juízes do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil começam a julgar esta quinta-feira Jair Bolsonaro. O ex-Presidente arrisca ficar inelegível para qualquer função pública por um prazo de oito anos, isto é, nas próximas duas eleições presidenciais.
Embora investigado por 16 supostos crimes eleitorais, nesta ação específica vai ser avaliado se uma reunião com embaixadores promovida por Bolsonaro em julho de 2022 com o objetivo de atacar, sem provas, o sistema de voto eletrónico usado no Brasil configura "abuso de poder político" e "uso indevido de meios de comunicação", conforme se lê na queixa enviada ao tribunal pelo PDT, partido do então candidato Ciro Gomes.
Bolsonaro, ainda Presidente na altura, usou o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, dinheiro público e a televisão estatal para "difundir inverdades e distorções e influenciar indevidamente o eleitorado", segundo a Procuradoria-Geral da República.
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A maioria dos analistas acredita que Bolsonaro vai ser condenado, resta saber se por sete votos a zero, seis votos a um ou por um resultado mais equilibrado. Até Bolsonaro, os seus mais fiéis apoiantes e a cúpula do seu partido, o PL, mostram sinais de conformismo.
Além de usarem a provável derrota para construir o discurso de "perseguido político" em torno de Bolsonaro nos próximos tempos, já preparam um sucessor na direita e na extrema-direita para as presidenciais de 2026.
Os governadores de São Paulo, Tarcisio Freitas, e de Minas Gerais, Romeu Zema, são muito falados, mas há a possibilidade de manter vivo o apelido "Bolsonaro" através de Michelle, a ex-primeira-dama que já exerce até a presidência do PL Mulher.