Diretor do FBI reconheceu que o relatório identificou problemas significativos na forma como os agentes da organização conduziram a investigação.
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O Presidente dos EUA, Donald Trump, atacou esta terça-feira o diretor do FBI mostrando indignação por Christopher Wray não ter caracterizado como danoso para a organização o relatório sobre as origens da investigação do caso russo.
Numa entrevista à Associated Press, na segunda-feira, o diretor do FBI reconheceu que o relatório da investigação identificou problemas significativos na forma como os agentes da organização conduziram a investigação sobre um alegado conluio entre a direção de campanha de Trump e o Governo russo, sugerindo alterações nos procedimentos internos.
Contudo, Christopher Wray também disse que foi relevante que o inspetor-geral Michael Horowitz tenha concluído que a investigação do caso russo foi aberta por razões fundamentadas e não foi motivada por razões políticas, rejeitando as suspeições nesse sentido que têm sido feitas pelo Presidente Trump e dando razão às orientações que o FBI seguiu nesse inquérito.
"Não sei que relatório é que o atual diretor do FBI leu, mas certamente não foi aquele que me fizeram chegar", queixou-se o Presidente norte-americano na sua conta pessoal da rede social Twitter.
I don"t know what report current Director of the FBI Christopher Wray was reading, but it sure wasn"t the one given to me. With that kind of attitude, he will never be able to fix the FBI, which is badly broken despite having some of the greatest men & women working there!
- Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 10, 2019
"Com este tipo de atitude, ele nunca será capaz de recuperar o FBI, que está estragado, apesar de ter alguns dos melhores homens e mulheres a trabalhar lá", escreveu Donald Trump, referindo-se às críticas que tem repetido sobre a ação da agência de investigação criminal.
Este recado no Twitter é um raro ataque a Wray, que tem sido poupado pelo Presidente, que no passado atacou violentamente anteriores dirigentes do FBI, como James Comei e Andrew McCabe. Wray herdou o processo do caso russo, que investigou alegadas relações entre assessores de Donald Trump, quando este foi candidato presidencial em 2016, e o Governo russo, para prejudicar a campanha da democrata Hillary Clinton.
Wray tem mantido um perfil discreto à frente da agência, raramente falando sobre o caso russo e procurando evitar conflitos com a Casa Branca, mesmo quando Trump faz referências às deficiências do FBI. Contudo, o atual diretor da agência sempre manteve a tese de que a investigação ao caso russo, liderada pelo procurador-especial Robert Mueller, foi perfeitamente justificada, resistindo às críticas do Partido Republicano por causa desta sua posição.
O diretor do FBI colocou como objetivo introduzir várias modificações na organização, e, na entrevista à agência Associated Press, disse mesmo estar comprometido com a "agilidade da organização para combater ameaças estrangeiras", referindo-se à possibilidade de haver nova tentativa de interferência nas eleições de 2020.
Contudo, Wray recusa-se a dizer se o FBI tem algum problema sério ou que mereça os acertos que o relatório sobre o caso russo detetou.
"De uma forma geral, há várias coisas no relatório que, na minha opinião, são inaceitáveis e que não representam aquilo que somos como organização", concluiu o diretor do FBI na entrevista à Associated Press.