A economia e as políticas de imigração são trunfos no baralho de Trump.
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Donald Trump lança, na madrugada desta quarta-feira, a recandidatura ao lugar de presidente norte-americano. Depois da eleição que atiçou a curiosidade do mundo em 2016, o republicano avança para 2020 a partir de um local onde foi (bastante) feliz: a Florida.
A estratégia passa por apelar ao voto daqueles que já lho deram em 2016. Em entrevista à TSF, o subdiretor do Diário de Notícias Leonídio Paulo Ferreira explica que Trump, um "egocêntrico enorme", gostaria de vencer de forma clara e "esmagadora".
Neste momento essa não é, no entanto, a estratégia que aparenta seguir: "É calculista e aposta numa vitória à justa, com as suas bases, uma América mais conservadora e que se identifica com o seu perfil de self made man."
A reeleição é possível mas as sondagens "não são muito favoráveis" ao atual presidente norte-americano. Em estados-chave para o ato eleitoral como o Wisconsin, a Pensilvânia ou, lá está, a Florida, Trump está mesmo atrás de vários democratas. "Ele vai ter de enfrentar alguém do Partido Democrata que, neste momento, não sabemos quem é", relembra Leonídio Paulo Ferreira.
Há, neste momento, 23 candidatos às primárias democratas "que se vão desgastar" no combate interno pelo lugar de candidato presidencial do partido. Já Trump "tem um caminho muito pacífico, enquanto os democratas vão estar a atacar-se e a dizer que alguém não está preparado para ser presidente."
Um dos pontos em que Trump pode alavancar-se para uma reeleição é o do desempenho da economia americana durante o seu mandato. "Está com números excelentes", explica Leonídio Paulo Ferreira.
"O desemprego está nos níveis mais baixos dos últimos 50 anos, o PIB está a crescer e - apesar de muita gente argumentar que isso foi uma conquista de Obama, que teve de lidar com a recuperação da crise - Trump pode também usar os resultados económicos muito bons em seu favor", relembra.
Se a economia é um dos pontos a que Trump pode agarrar-se para se lançar na campanha, o ambiente é um dos que o pode derrubar. É que ao contrário da Europa, que ganhou uma maior consciência climática
e está "mais verde", Donald Trump não sente a necessidade de incluir a realidade climática na de campanha. Por outro lado, prefere sublinhar assuntos que lhe deram a vitória em 2016, como a imigração ilegal.
Está a lutar para manter o eleitorado que o elegeu.
"Está a lutar para manter o eleitorado que o elegeu. É um eleitorado que está assustado com uma América onde cada vez mais se fala espanhol, não é uma imigração tradicional", explica o jornalista.
Além das questões relacionadas com a imigração, Trump tem o apoio dos que pensam "que a China faz concorrência desleal, que o Japão faz concorrência desleal e que, por isso, é preciso proteger os empregos dos americanos e as fábricas americanas".
Assim, o clima acaba por ser "uma preocupação menor" para esse eleitorado da América profunda, embora ganhe uma outra dimensão - maior - para os democratas.
"Quando olhamos para o mapa dos Estados Unidos e vemos os estados eleitorais de há várias décadas para cá, há uma América muito liberal na zona da Nova Inglaterra e de Nova Iorque. No meio disto tudo, há também uma América que sente que perdeu a indústria, que os filhos têm menos oportunidades que os pais e que o sonho americano é muito mais difícil de concretizar". É para esta América que a questão climática e a preocupação ambiental não são prioritárias.
Para Trump, a corrida até 2020 começa em Orlando, na Florida.