Em véspera de eleições intercalares nos Estados Unidos encontrámos dois nova-iorquinos que fazem dos protestos contra Trump uma forma de vida.
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Faça chuva ou faça sol lá estão eles. Há quase 2 anos que Paul e Mike estão todos os dias em frente à Trump Tower no centro de Nova Iorque. Desde que o Presidente tomou posse estes nova-iorquinos vieram para a quinta avenida de malas e bagagens com cartazes e gravuras contra o inquilino da casa branca.
"Estou aqui com estes cartazes para tentar que a América fique revoltada com Donald Trump e também para mostrar aos turistas que aqui passam que nem toda a gente na América gosta de Trump, aliás a maioria das pessoas pensa que ele é um palhaço e não quer que ele seja nosso presidente."
Aos 74 anos, Mike faz do protesto uma forma de vida. De olhar sereno, barba branca e chapéu azul, em cada mão segura um cartaz com mensagens de apelo ao voto e críticas ao presidente: "Este cartaz diz que "Trump tem sido um desastre patético" e este aqui diz "Vote para acabar com o pesadelo Trump".
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A experiência diz-lhe que vale a pena ali estar porque os apoiantes de Trump são cada vez mais uma minoria. Feitas as contas, Mike garante que 95% da reação ao protesto é positiva e apenas 5% é negativa, porque são apoiantes de Trump. Para confirmar, encostamo-nos à parede da Prada, mesmo em frente à Trump Tower. No passeio há uma bandeira americana, pins com caricaturas de Trump, Putin e Kim Jong-un, sátiras ao cabelo do presidente norte-americano, ao excesso de tweets e apelos à destituição.
Quem passa vai parando para olhar, tira fotografias, compra uma recordação. Agora mesmo, Paul acabou de vender um pin anti-Trump a um turista francês. "Eu trabalho de noite, sou gerente de um clube de Stand Up Comedy, tenho os dias livres e faço isto como uma terapia. Então tudo se resume a gozar com Trump, que é basicamente a única coisa que ele não tolera porque não passa de um menino mimado."
Humorista de noite, manifestante de dia, Paul diz que um dos objetivos que tem é tirar Trump da presidência por tudo o que representa: "Racista, sexista, islamofóbico, muito parecido ao que se passou na Alemanha há 80 anos, onde a minha mãe cresceu. Ele diz que os meios de comunicação são inimigos do povo... mais uma vez muito parecido ao caso da Alemanha. Então ele é uma pessoa abominável."
Aos 50 anos, este democrata diz que a política republicana não passa de um bluff, que tudo o que Trump prometeu está ainda por cumprir e não percebe como, mesmo assim, os republicanos continuam a apoiá-lo. "As promessas que ele fez não se realizaram, e eu fico satisfeito, mas os apoiantes dele não parecem desiludidos. Não há nenhum muro a ser construído na fronteira com o México e não acabou com o Obamacare", questiona o nova iorquino.
Para tirar a maioria no Congresso aos republicanos, Paul lembra que é preciso votar em massa, principalmente os mais jovens, e separar a política do espetáculo, porque Trump não passa de um produto do show business que é provavelmente o maior negócio americano. E diz mais: "Se vir os debates dos republicanos eles não fazem ideia do que estão a dizer mas são os mais interessantes. Uma das vantagens do Congresso é que minimiza o poder do Presidente, e ele agora domina tudo. A câmara dos representantes, o senado, os governadores estão basicamente disponíveis para fazer tudo o que Trump quer."
Antes de vir embora compramos-lhe um pin por 5 dólares e damos-lhe liberdade para escolher... dá-nos um que diz Make America Gay Again (uma sátira ao lema de Trump Make America Great Again) e manda cumprimentos para Portugal.
*A TSF nas Eleições Intercalares dos EUA com o apoio da FLAD - Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.