Trump ordena cortes na Voz da América e em outros meios financiados pelos Estados Unidos

Donald Trump, Presidente dos EUA
Win Mcnamee/EPA
O Presidente dos EUA deu instruções à sua administração para reduzir as funções de várias agências ao mínimo exigido por lei
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A administração do Presidente Donald Trump começou este domingo a fazer cortes na rádio Voz da América (VOA) e noutros media geridos pelo governo norte-americano, tendo a organização dito que todos os funcionários da VOA foram colocados em licença.
Na sexta-feira à noite, pouco depois de o Congresso ter aprovado a sua última lei de financiamento, Trump deu instruções à sua administração para reduzir as funções de várias agências ao mínimo exigido por lei. Entre elas está a Agência dos EUA para os Media Globais, que abrange a Voz da América, a Rádio Europa Livre e Ásia e a Rádio Marti, que transmite notícias em espanhol para Cuba.
“Pela primeira vez em 83 anos, a famosa Voz da América está a ser silenciada”, afirmou o diretor da organização, Michael Abramowitz, num comunicado, acrescentando que “praticamente” toda a equipa, de 1300 pessoas, foi colocada em licença.
“A VOA promove a liberdade e a democracia em todo o mundo, contando a história da América e fornecendo notícias e informações objetivas e equilibradas, especialmente para aqueles que vivem sob a tirania”, disse Abramowitz.
Relatos nas redes sociais e em órgãos norte-americanos indicavam que a VOA tinha ficado em silêncio ou, noutros casos, passado a transmitir música.
O grupo de defesa da imprensa Repórteres Sem Fronteiras condenou a decisão e considerou-a “um desvio do papel histórico dos EUA como defensor da informação livre”, apelando ao governo dos EUA “para restaurar a VOA” e ao Congresso e à comunidade internacional para que ajam “contra esta medida sem precedentes”.
Em conjunto, estes meios chegam a cerca de 427 milhões de pessoas. A sua origem remonta à Guerra Fria e fazem parte de uma rede de organizações financiadas pelo governo norte-americano que tenta ampliar a influência dos EUA e combater o autoritarismo, que inclui a USAID, outra agência visada por Trump.
A administração Trump já tomou outras medidas para afirmar a sua autoridade sobre a Voz da América, e esta semana cancelou contratos que permitiam à VOA utilizar material de organizações noticiosas independentes, como a Associated Press.
"Sinal extremamente perigoso"
A TSF falou com o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Simões, que também condenou a decisão do Presidente de Trump.
"É um sinal extremamente perigoso. (...) A rádio nasce para combater a propaganda Nazi e ser a voz da liberdade (...) e é extremamente delicada a decisão", considerou o presidente do sindicato.
Luís Simões notou ainda que, para a administração Trump, a liberdade de imprensa está a deixar de "ser fundamental" e "isso pode ser grave".
Notícia atualizada às 16h13
