Casa Branca divulgou conteúdo da chamada de Trump ao Presidente ucraniano.
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O Presidente dos EUA, Donald Trump, pediu ao Presidente da Ucrânia, Volodymr Zelensky, que investigasse Joe Biden, antigo vice-presidente do país e seu possível rival nas próximas eleições, por suspeitas de corrupção. O conteúdo da chamada, feita a 25 de julho entre os dois presidentes, foi divulgado esta quarta-feira pela Casa Branca.
"Fala-se muito sobre o filho de Biden, que o Biden travou a investigação. Há muita gente que quer descobrir isso. Portanto, o que você conseguir com o procurador-geral seria espetacular. O Biden andou a vangloriar-se de ter travado a investigação, por isso seria ótimo que pudesse investigar... parece-me horrível", pode ler-se no resumo da conversa, que não foi transcrita rigorosamente, uma vez que as conversas entre presidentes não são gravadas.
A transcrição da conversa telefónica divulgada esta quarta-feira mostra Donald Trump a levantar alegações infundadas de que Joe Biden teria tentado interferir na investigação de um procurador da Ucrânia sobre a atuação de Hunter Biden enquanto administrador de uma empresa ucraniana, sugerindo que o caso fosse esclarecido pelo Governo ucraniano.
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Na sua conta na rede social Twitter, no sábado, Trump tinha referido que foi "uma conversa perfeitamente normal e rotineira" que teve com o líder da Ucrânia, garantindo que "não foi dito nada de errado".
....story about me and a perfectly fine and routine conversation I had with the new President of the Ukraine. Nothing was said that was in any way wrong, but Biden"s demand, on the other hand, was a complete and total disaster. The Fake News knows this but doesn"t want to report!
- Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 21 de setembro de 2019
Dias mais tarde, o Presidente norte-americano explicou que a menção a Joe Biden e ao seu filho, durante o telefonema para Zelenski, se deveu ao facto de não querer que os norte-americanos, incluindo o ex-vice-presidente e Hunter, "contribuíssem para a corrupção na Ucrânia".
"A Ucrânia tem muitos problemas (...). O novo Presidente disse que seria capaz de livrar o país da corrupção e eu respondi que isso seria ótimo. Tivemos uma excelente conversa. Falámos de muitas coisas", afirmou hoje Donald Trump, reforçando a ideia de que não exerceu qualquer pressão sobre Zelenski.
Trump disse, terça-feira, aos jornalistas que este caso não passa de "uma caça às bruxas", por parte do Partido Democrata, visando fragilizar a sua recandidatura nas eleições presidenciais de 2020.
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"Assédio presidencial!", escreveu terça-feira, na sua conta pessoal da rede social Twitter, sumariando a sua posição sobre o caso.
Esta quarta-feira, a porta-voz do Departamento de Justiça, Kerri Kupec, disse que o procurador-geral já tinha sido avisado sobre a conversa entre Trump e Zelensky, "algumas semanas após o telefonema ter sido feito", para analisar possíveis condutas criminais, negando a hipótese de o Presidente ter pedido ajuda para intervir junto do Governo ucraniano no sentido de conseguir que Biden fosse investigado.
O Presidente da Ucrânia também já reagiu a esta polémica, dizendo esta quarta-feira que a única pessoa que o consegue pressionar é o seu filho de 6 anos.
"A mim ninguém me pressiona porque sou o Presidente de um país independente. A única pessoa que pode pressionar-me é o meu filho, que tem 6 anos", afirmou hoje no canal russo Rossía 24, respondendo a uma questão de um jornalista sobre se teria sido pressionado por Donald Trump.
Contudo, a maioria Democrata na Câmara de Representantes considera que pode haver no telefonema de julho provas de abuso de poder presidencial e tentativa ilícita de pressão sobre um líder estrangeiro para investigar um adversário político, o que é passível de originar um inquérito para destituição.
Os Democratas invocam ainda uma decisão do Presidente dos EUA, que mandou congelar ajuda militar à Ucrânia, no valor de cerca de 400 milhões dólares (363 milhões de euros), como forma de coagir o Governo ucraniano a abrir a investigação pedida.
Trump diz que não exerceu "nenhuma pressão" sobre Presidente ucraniano
Depois de a Casa Branca ter divulgado, esta quarta-feira, a transcrição do telefonema, Donald Trump afirmou que não pressionou o Presidente ucraniano.
"Não houve nenhuma pressão. (...) Esta é a maior caça às bruxas da história americana, uma coisa embaraçosa", disse esta quarta-feira Trump aos jornalistas, durante uma reunião com líderes latino-americanos, repetindo a ideia de que está a ser perseguido pelo Partido Democrata, para o fragilizar na sua recandidatura presidencial, em 2020.
Donald Trump manifestou-se confiante em que o inquérito para a sua destituição não terá sucesso, confiando na sua inocência e no apoio que diz ter recebido de muitos Republicanos, que o apoiam na tese de perseguição política.