Ana Miranda teme que o republicano Donald Trump faça "tudo para se manter" no poder.
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Com a contagem dos votos ainda em curso nos estados decisivos, os Estados Unidos da América esperam pela definição um vencedor das eleições presidenciais. Faltando encontrar o nome de quem se senta na Sala Oval, há já uma previsão feita em português: vêm aí tempos difíceis.
Ana Miranda, emigrante portuguesa em Nova Iorque, regressou à cidade que nunca dorme na véspera das eleições depois de ter passado os últimos três meses em Portugal.
Vive na Big Apple há quase 15 anos e foi lá que fundou o Arte Institute, para promover a cultura portuguesa nos EUA. Apesar de não vota, acredita que se Donald Trump vencer, esperam-se mais quatro anos de retrocesso nos Estados Unidos. Mas, se Trump não ganhar, "vamos ter outro problema".
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Trump "vai incitar as pessoas a virem para a rua, a criarem conflitos, manifestações e a dizerem que isto foi tudo feito" contra a sua vitória.
O republicano "vai fazer tudo para se manter lá porque, assim que sair, vai estar a braços com a justiça, onde tem muitos problemas", sublinha Ana Miranda. "Acho que ainda só não o prenderam porque ele é Presidente."
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Os tempos difíceis para os norte-americanos podem, então, estar ao virar da esquina. Ainda assim, a diretora do Arte Institute identifica nos americanos algo que "adorava que Portugal tivesse: eles levantam-se muito rápido".
A partir do exemplo da destruição deixada para trás pelos furacões, Ana Miranda explica que "no dia a seguir, a conversa deles é: vamos reconstruir, levantar e unir". A união acaba por desaparecer, reconhece, mas demonstra o "poder agregador" dos norte-americanos.
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De olhos postos na Cultura, Ana Miranda garante que os Estados Unidos sabem reconhecer o talento. Já em Portugal, lamenta, há problemas que vão dos agentes culturais à ministra da Cultura, Graça Fonseca.
"Há muita culpa na tutela, sou a primeira a dizê-lo, porque parte-me o coração termos uma tutela que não tem a menor empatia pelas pessoas", atira a portuguesa. "É qualquer coisa de dramático e desumano."
Mas, também aqui, a culpa não morre solteira. Há muita coisa "que somos nós, classe artística, que tem de fazer", até porque, reconhece, este é o "momento dos fundos", embora discorde da forma como têm sido distribuídos pelo Governo.
Muito critica, Ana Miranda não pensa voltar para Portugal: vai continuar a ser uma embaixadora da cultura nacional nos EUA.