Primeira-ministra do Reino Unido garante que quer um país com "bons empregos" onde possam ser criadas novas empresas e onde as "famílias possam ter uma vida melhor".
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Uma hora depois da confirmação da demissão do ministro britânico das Finanças, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, justificou a decisão de afastar Kwasi Kwartengo com o "interesse nacional". "A minha prioridade é garantir a estabilidade económica que o nosso país necessita. Foi por isso que tive de tomar as decisões difíceis que tomei hoje", justificou, em conferência de imprensa.
Apesar disso, lamentou "perder" Kwasi Kwarteng não só por se tratar de um "grande amigo" mas também porque acredita que iria ajudar o governo britânico a meter o país no caminho do crescimento.
Truss garantiu que mantém a missão de "elevar os níveis de crescimento económico" do Reino Unido, mas admitiu que, "em última análise, é necessário garantir a estabilidade económica", pelo que teve de "agir no interesse nacional".
Sobre o sucessor na pasta, Jeremy Hunt, Truss afirmou ser uma pessoa com uma grande "experiência", tanto no Parlamento como em funções executivas, e alguém com quem "partilha visões".
Quanto à política que o governo britânico vai seguir, a primeira-ministra realçou que quer implementar "uma economia de baixos impostos" e de "ordenados altos", convicta de que o que as "as pessoas querem estabilidade".
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Por isso, vincou,"agimos para ajudar as famílias ao nível dos custos da energia no país", mas também durante a pandemia da Covid-19. "Quero um país de bons empregos", onde possam ser criadas novas empresas e onde "as famílias possam ter uma vida melhor", reforçou.
Truss reconheceu também que o mini-orçamento deste governo avançou "mais rapidamente do que era esperado pelos mercados". Por isso, assumiu: "A forma como vamos implementar a nossa missão tem de mudar."
"Precisamos de agir agora para tranquilizar os mercados quanto à nossa disciplina orçamental. Por isso, decidi manter o aumento do IRC que estava planeado pelo anterior governo (...). Faremos o que for necessário para garantir que a dívida vai diminuindo, (...) o setor público será mais eficiente (...) e a despesa crescerá menos rapidamente do que tinha sido planeado", revelou.
Kwasi Kwarteng foi afastado do governo britânico inesperadamente após apenas 38 dias no cargo. Foi o próprio governante que confirmou ter sido demitido pela primeira-ministra após ter regressado antecipadamente de uma visita aos Estados Unidos.
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"Pediu-me para eu me demitir, e eu aceitei", escreveu na carta de renúncia, admitindo que "o ambiente económico mudou rapidamente" desde a apresentação do plano de crescimento a 23 de setembro e que é importante o governo enfatizar o compromisso com a disciplina fiscal. Truss, por sua vez, escreveu numa carta lamentando "profundamente" perder Kwasi Kwarteng, culpando os "tempos extraordinariamente difíceis" e agradecendo "o serviço a este país e a enorme amizade e apoio" do ex-ministro.
A crise política, 38 dias apenas após a entrada em funções do atual governo, foi provocada por repercussões do chamado "Plano de Crescimento", apresentado em 23 de setembro por Kwarteng no parlamento.
O plano cumpria alguns cortes fiscais prometidos por Truss durante a campanha eleitoral para a liderança dos 'tories', juntamente com medidas para congelar os preços da energia, mas a falta de medidas para equilibrar as contas públicas foi mal recebida pelos mercados financeiros.
Nos dias seguintes, a libra desvalorizou acentuadamente e os juros sobre a dívida britânica subiram, bem como as taxas de juro para o crédito à habitação.
O Banco de Inglaterra foi forçado a intervir no mercado obrigacionista, o que ajudou a estabilizar a libra e a dívida, mas o plano do governo britânico foi criticado pelo FMI devido ao risco de agravar a inflação, e as agências Fitch e Standard and Poor's reduziram de estável para negativo o 'rating' do Reino Unido.
O ministro das Finanças já tinha sido obrigado a antecipar a apresentação do "plano fiscal a médio prazo", de 23 de novembro para 31 de outubro. Porém, vários deputados do Partido Conservador continuaram a pressionar para que fossem anunciadas medidas mais cedo para estabilizar a economia e travar a perda de popularidade nas sondagens.
Algumas sondagens recentes apontam para uma vantagem do Partido Trabalhista sobre os conservadores superior a 25 pontos percentuais.