TSF em Israel. Uma mini ONU sobre rodas correu contra o sabat entre Ashkelon e Jerusalém
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Este é um táxi um pouco mais coletivo do que seria suposto. Estamos quase a chegar ao sabat, o feriado religioso do Judaísmo, e já não há muitos judeus a viajar. Ou, pelo menos, os mais religiosos vão evitando mexer em máquinas e em aparelhos para cumprirem os pressupostos do dia. Assim, a solução mais prática encontra-se nestes táxis com cerca de 12 lugares, alguns um pouco mais, mas que normalmente com três ou quatro pessoas já fazem a viagem.
Nestes dias em que o negócio é pouco, demora-se mais tempo a sair do que presumivelmente a viagem para Jerusalém irá demorar, porque foi preciso andar a angariar clientes por várias partes de Telavive.
O mais complicado foi o percurso de Ashkelon - onde esteve a TSF esta manhã - até Telavive. Os comboios iam parar dentro de pouco tempo e os autocarros estavam sem querer fazer esta viagem porque iam apanhar precisamente o período do Shabat. A solução recaiu num condutor, um taxista, para esta viagem que se revela alucinante.
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Feita a grande velocidade, o que devia levar uma hora demorou praticamente 35 minutos, também porque nos quilómetros iniciais da viagem, ainda próximos de Ashkelon, não havia praticamente ninguém na estrada. Viu-se, apesar disso, um pequeno comboio de veículos militares, com tanques em cima de camiões, rumo à Faixa de Gaza.
Só que a grande velocidade e a autoestrada vazia esgotaram-se numa fila de dezenas de carros parados. O condutor israelita, num inglês limitado, explicou tudo muito facilmente dizendo: "Boom boom." Ou seja, teria havido algum alerta para a região e o trânsito parou subitamente.
Mas com a mesma velocidade que parou, retomou a marcha apressada, um pouco em contrarrelógio, para evitar ser apanhado em paragens devido ao Shabat ou a algo mais complicada, se bem que mais perto de Jerusalém a situação é muitíssimo mais calma.
A imprensa local refere que foram intercetados mais de 250 rockets sobre Ashkelon já esta sexta-feira, mas alguns ainda terão conseguido passar pela Cúpula de Ferro, o sistema de defesa aérea de Israel.
Os rockets que caíram causaram estragos, mas pelos relatos locais não haverá feridos, embora haja relatos contraditórios.
No táxi coletivo a conversa já foi animada, talvez o abrandamento nasça do cansaço. Já se ouviu falar inglês e até espanhol, fruto da mistura entre pessoas mais pobres que, por não terem carro próprio, usam estes transportes, e estrangeiros.
É uma mini ONU sobre rodas: uma portuguesa, um nepalês, dois etíopes, um paraguaio e uma norte-americana fascinada com o que vê. "It's so interesting", vai dizendo.
Todos participaram na pequena ronda de angariação de clientes que antecedeu a viagem. Houve até militares a abordar o veículo, dado que houve dúvidas sobre um dos viajantes: aparentemente, é o único israelita. Mas estava tudo bem, e seguiu.
*com Gonçalo Teles
