Nada decidido no Brasil. Lula e Bolsonaro vão disputar a segunda volta no fim do mês para saber quem será o próximo Presidente.
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Os brasileiros têm pela frente mais três semanas de impasse: o resultado da primeira volta das eleições presidenciais deu uma vitória muito curta a Lula da Silva, que assim terá de voltar a enfrentar Jair Bolsonaro dentro de três semanas.
Com 97,93% das urnas apuradas, a eleição ficou "matematicamente definida": Lula obteve 48% dos votos (55.623.136), enquanto Bolsonaro se ficou pelos 43,57% (50.480.210 votos).
As urnas começaram a encerrar pelas 17h00 de Brasília (21h00 em Lisboa), mas por ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os eleitores que ainda estavam na fila puderam ainda votar.
Começou lenta, por isso, a contagem dos votos. Quando as urnas eletrónicas começaram a apresentar dos primeiros resultados, Lula da Silva surgiu na liderança durante escassos minutos. Bolsonaro ultrapassou-o com 1% dos votos apurados e manteve-se à frente do opositor até estarem contados 70% das urnas.
Foi nesse momento que o petista ultrapassou o Presidente recandidato, numa reviravolta que fez cair os queixos dos próprios apoiantes.
Apesar de ter Lula ficado à frente em número de votos, não foi suficiente para a presidência mudar de mãos. Como nenhum dos candidatos presidenciais ultrapassou os 50% dos votos válidos, os dois mais votados voltam a enfrentar-se numa segunda volta em 30 de outubro.
Para o petista, este é um desempenho muito abaixo do que previam as sondagens, que o colocavam com margem de quase 10 pontos percentuais sobre o atual Presidente do Brasil.
Já o discurso, foi de confiança: "Sempre achei que nós iríamos ganhar as eleições e nós vamos ganhar as eleições. Isto para nós é apenas uma prorrogação", afirmou Lula, numa conferência de imprensa em São Paulo.
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"Para desgraça de alguns tenho mais 30 dias para ir para a rua. Adoro fazer campanha, adoro fazer comício" e "vai ser importante porque será a chance de fazermos um debate com o Presidente da República. Acho que é uma segunda chance que o Bolsonaro me dá".
De semblante carregado e vestido de camisa negra, Jair Bolsonaro justificou a derrota com muitos votos associados à "vontade de mudar" associada à escalada da inflação e outros problemas alheios à política interna.
"Mas há muitas mudanças que podem vir para pior", avisou o Presidente brasileiro em conferência de imprensa. "A mudança que porventura alguns querem pode ser pior".
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Atrás de Lula da Silva e Bolsonaro, disputaram também as presidenciais brasileiras os candidatos Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D'Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Padre Kelmon, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.
Os mais de 156 milhões de eleitores foram chamados às secções de voto nas 577.125 urnas eletrónicas espalhadas por 5.570 cidades do país.
Em Portugal, votam 80.896 eleitores brasileiros, dos quais 45.273 em Lisboa.