Os protestos na Tunísia começaram depois de o governo ter aumentado o IVA sobre bens e serviços como carros, chamadas telefónicas e internet. Também os preços do combustível e dos alimentos subiram.
Corpo do artigo
Um mês depois da onda de contestação na Tunísia, a situação está agora mais calma, mas pode ser sol de pouca dura. Em janeiro, uma pessoa morreu e centenas foram detidas em manifestações contra o aumento dos preços de bens essenciais.
Ana Santos Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) da Universidade Nova de Lisboa, entende que esta calma aparente é normal, mas que há motivos para acreditar que, numa altura em que se aproximam eleições, os protestos podem regressar em breve.
"Estão agendadas eleições municipais e, portanto, a chamada politização e até polarização do discurso, por via da campanha eleitoral, vai agitar não só os partidos, mas também a sociedade civil", defendeu a especialista em Médio Oriente.
TSF\audio\2018\02\noticias\08\ana_santos_pinto_1_novos_protestos
Ana Santos Pinto considera que o estado dos indicadores macroeconómicos (como a elevada taxa de inflação e galopante taxa de desemprego jovem) não irá alterar-se tão cedo e que, por isso, estão reunidos "todos os ingredientes para que os tunisinos continuem a afirmar a sua satisfação", o que terá "reflexos políticos.
A investigadora defende que a comunidade internacional tem de fazer mais para ajudar países como a Tunísia.
"Existe, por parte da comunidade internacional, esta noção de que a Tunísia é um bom modelo, é o exemplo [de um país] que revelou o que era possível fazer depois da Primavera Árabe", afirma Ana Santos Pintos. A especialista defende que, para não perder esse "bom exemplo", a comunidade internacional deveria prestar apoio social e económico ao país.
"As democracias não se constroem em meia dúzia de anos. Necessitam de consolidação. E não é possível ter uma transição para a democracia sem ter o mínimo equivalente, do ponto de vista do desenvolvimento económico.
TSF\audio\2018\02\noticias\08\ana_santos_pinto_2_comunidade_internal
Os protestos na Tunísia começaram depois de o governo ter aumentado o IVA sobre bens e serviços como carros, chamadas telefónicas, internet, alojamentos em hotéis. Também os preços do combustível e dos alimentos subiram.