
Ahmet Davutoglu, PM da Turquia
Murad Sezer/Reuters
O primeiro-ministro turco afirmou esta segunda-feira que a Turquia rejeita acolher de forma permanente os refugiados que a União Europeia não quer.
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"Não podemos aceitar um acordo como: 'Dê-nos o dinheiro e eles podem ficar na Turquia'. A Turquia não é um campo de concentração", disse o islâmico-conservador Ahmet Davutoglu, durante uma entrevista ao canal de televisão A Heber, após uma visita da chanceler alemã, Angela Merkel, à Turquia.
"Disse isto a [Angela] Merkel. Ninguém deve esperar que a Turquia se transforme num campo de concentração, onde irão ficar todos os refugiados", reforçou o chefe do Governo turco.
No entanto, Ahmet Davutoglu concordou que "a imigração ilegal deve ser devidamente mantida sob controlo e, portanto, serão estabelecidos mecanismos conjuntos" para conter o fluxo sem precedentes de sírios e de outros migrantes que fogem de conflitos, perseguições e da pobreza.
A Turquia é o principal ponto de partida de vários milhares de refugiados que pretendem entrar na Europa. A maioria tenta fazer a travessia marítima, curta mas perigosa, até às ilhas gregas, mas também existem alguns que se aventuram por trajetos terrestres. As autoridades turcas já receberam oficialmente no seu território 2,5 milhões de refugiados, incluindo 2,2 milhões sírios.
Na quinta-feira, a Comissão Europeia (CE) anunciou ter chegado a acordo com a Turquia sobre um "plano de ação comum" para as migrações. Na altura, o executivo comunitário afirmou que o plano previa o relançamento das conversações sobre a candidatura de adesão da Turquia à UE, o aceleramento das negociações sobre os vistos europeus para os cidadãos turcos e uma ajuda financeira.
Em troca, Ancara assumia o compromisso de acomodar mais refugiados, nomeadamente sírios, e de reforçar a vigilância das suas fronteiras, precisou então a CE. No dia seguinte, a Turquia afirmou que o plano anunciado pelo executivo comunitário era simplesmente um "projeto" que precisava de ser trabalhado, acrescentando ainda que o orçamento proposto por Bruxelas era "inaceitável".