Com quase todos os votos contados, é já certo o cenário de um governo sem apoio maioritário no parlamento turco. A formação pró-curda conseguiu ultrapassar os 10 por cento dos votos.
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O partido do Presidente islamita-conservador turco Recep Tayyip Erdogan perdeu hoje a maioria absoluta que detinha no parlamento há 13 anos, segundo números divulgados pelas televisões turcas.
De acordo com os dados divulgados, com base na contagem de 70% dos votos, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) figura em primeiro lugar mas apenas com pouco mais de 43% dos votos, correspondentes a 267 do total de 550 deputados do parlamento, o que o obriga a formar governo de coligação.
A formação pró-curda Partido Democrático do Povo (HDP) conseguiu ultrapassar os 10% de votos necessários para entrar na Assembleia Nacional, devendo eleger pelo menos 70 deputados.
Os dois outros principais concorrentes do partido do poder, o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata) e o Partido de Ação Nacionalista (MHP, direita) deverão obter 24% e 17% dos votos, correspondentes a 124 e 85 lugares, respetivamente.
As eleições de hoje eram consideradas as mais incertas desde 2002 e à partida os observadores aventavam a possibilidade de o AKP perder a maioria absoluta garantida em anteriores escrutínios.
Cerca de 54 milhões de eleitores turcos estavam inscritos para votar.
Fonte oficial do partido do presidente Erdogan, citada pela agência Reuters, já antecipou a solução de um governo de maioria relativa, sem acordo de coligação com qualquer outro partido. A mesma fonte avançou que será provável a realização de eleições antecipadas.
Esta perda de votos e assentos no parlamento, para o AKP, surge numa altura em que o presidente Erdogan tinha anunciado a intenção de reforçar os poderes presidenciais.