A Suécia acusou o governo turco de legalizar o sexo com menores, a "resposta" surgiu em forma de cartaz publicitário reproduzido depois pela imprensa da Turquia
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O cartaz de grandes dimensões, escrito em inglês e em turco, e exibido num ecrã na área das partidas do aeroporto de Atatürk, avisa: "Sabia que a Suécia tem a maior taxa de violações do mundo?".
A agência de notícias turca Anadolu, que informa que os anúncios no aeroporto são da responsabilidade de uma empresa privada, reproduziu a imagem do cartaz, que também surge na primeira página do jornal pró-governo Günes desta sexta-feira, sob o título: "Suécia, país de violações".
A publicidade foi interpretada como um gesto "olho por olho, dente por dente", depois de no domingo a ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Margot Wallström, ter publicado no Twitter uma crítica ao facto de a Turquia ter efetuado alterações na legislação sobre crimes sexuais.
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"A decisão turca de permitir sexo com crianças com menos de 15 anos deve ser revertida", escreveu a chefe da diplomacia sueca referindo-se a uma polémica decisão tomada pelo tribunal constitucional turco. Na segunda-feira, também o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, criticou a Turquia.
Na resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, qualificou o comentário de "inaceitável", afirmando que Margot Wallstrom deveria ter agido "responsavelmente".
O tribunal constitucional da Turquia anulou, em julho, uma disposição do Código Penal que punia como "abuso sexual" todos os atos sexuais envolvendo crianças com idade inferior a 15 anos, e deu ao parlamento um período de seis meses para elaborar as novas disposições legais com base na sua decisão.
O caso foi apresentado por um tribunal de instância inferior que estava preocupado com o facto de não haver distinção entre casos de atos sexuais envolvendo um adolescente ou uma criança. A idade legal do consentimento para relações sexuais permanece nos 18 anos.
Apesar de não ter sido afetada, a decisão judicial desencadeou críticas entre ativistas de que pode abrir caminho à impunidade em caso de abuso sexual de menores.