Sepulturas foram cavadas durante os combates que decorreram quando a cidade foi tomada pelas forças russas, em março.
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Cerca de 450 túmulos foram descobertos perto de Izium, cidade na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, recentemente reconquistada às forças russas, avançou esta sexta-feria o assessor da Presidência ucraniana, Mykhailo Podoliak.
"Este é apenas um dos locais de enterros em massa descobertos perto de Izium", escreveu, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
"Durante meses, reinaram o terror, a violência, a tortura e os assassinatos em massa nos territórios ocupados", acrescentou, apelando de novo aos apoiantes da Ucrânia para enviarem para o país armas, a fim de não deixar "as pessoas sozinhas com o Mal".
De acordo com as autoridades locais, foram descobertas 443 sepulturas, incluindo uma que continha os corpos de 17 soldados ucranianos e uma inscrição que dizia "Exército ucraniano, 17 pessoas. Izium, morgue".
450 graves... Only one of the mass graves discovered near Izyum. For months a rampant terror, violence, torture and mass murders were in the occupied territories. Anyone else wants to "freeze the war" instead of sending tanks? We have no right to leave people alone with the Evil. pic.twitter.com/YxGyOZfm1Y
- Михайло Подоляк (@Podolyak_M) September 16, 2022
De acordo com o responsável do Governo para a busca de pessoas desaparecidas, Oleg Kotenko, estas sepulturas foram cavadas durante os combates que decorreram quando a cidade foi tomada pelas forças russas, em março, e durante a ocupação russa, que terminou na semana passada. Algumas sepulturas podem conter vários corpos.
"As sepulturas que não têm nomes são as de pessoas [encontradas] na rua", explicou Kotenko, acrescentando que "há muitas pessoas que morreram de fome".
"Esta parte da cidade estava isolada, sem abastecimento. As pessoas estavam bloqueadas, nada funcionava", referiu, alegando que há outros 'cemitérios' na cidade, mas que as autoridades ucranianas ainda não escavaram, pelo que não se sabe qual é a situação global.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos anunciou, entretanto, que vai mandar "em breve" uma equipa a Izium para "determinar as circunstâncias da morte das pessoas".
O chefe de polícia ucraniana, Igor Klymenko, anunciou também a descoberta de 10 "salas de tortura" em localidades reconquistadas aos russos na região de Kharkiv, incluindo duas na cidade de Balakliïa.
Desde o início deste mês, a Ucrânia tem recuperado o controlo de vários milhares de quilómetros quadrados de território que tinham sido ocupados pelas forças russas graças a uma contraofensiva lançada em várias frentes.
As maiores conquistas foram obtidas na região de Kharkiv, na fronteira com a Rússia.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitou na quarta-feira Izium, uma cidade que contabilizava, antes da guerra, cerca de 50.000 habitantes, mas que foi palco de combates e muitas baixas na primavera passada, tendo sido tomada pelo exército russo, que a tornou um ponto estratégico para abastecimentos.
A região foi, no entanto, reconquistada pelo exército ucraniano na semana passada.
Zelensky anunciou na quinta-feira à noite a descoberta do que descreveu como uma "vala comum" em Izium, sem dar detalhes sobre o número de pessoas enterradas ou as causas das mortes.
As forças russas têm sido acusadas pela Ucrânia de numerosos abusos nos territórios que ocupam, em particular em Busha, uma cidade nos arredores de Kiev, de onde se retiraram no final de março e onde foram encontrados centenas de cadáveres de civis executados.
A Rússia nega ter cometido esses abusos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já, segundo a ONU, quase 6.000 mortos civis e mais de 8.000 feridos.
As Nações Unidas alertam, no entanto, para a probabilidade de o número real ser muito maior, já que, por enquanto, não é possível conhecer todas as vítimas nas cidades da Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.