Os Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional (FMI) ofereceram-se hoje para assistir a Ucrânia na reconstrução da sua economia após os protestos dos últimos meses, que deixaram o país na maior crise desde a independência.
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Os temores de que a economia ucraniana esteja a entrar em incumprimento lançaram o pânico nos mercados, com as obrigações a aumentarem rapidamente e a moeda local, a hryvnia, a perder um décimo do seu valor em poucas semanas.
O secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, disse que manteve conversações com o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, na reunião do G20, em Sydney, após o parlamento da Ucrânia decidir no sábado destituir o Presidente Viktor Ianukovich, pondo fim a uma semana de violência em Kiev.
«Os Estados Unidos, em colaboração com outros países, está pronto a assistir a Ucrânia nos seus esforços para regressar a um caminho de democracia, estabilidade e crescimento», disse Lew em conferência de imprensa.
«Esperamos que a resolução da violência na Ucrânia leve a um novo Governo multipartidário e tecnocrático, capaz de fazer as reformas económicas necessárias», referiu.
«O FMI continua na melhor posição para ajudar Estados como a Ucrânia a lidar com os seus desafios económicos», disse Lew.
Também a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, disse após a reunião do G20 que o fundo está pronto a ajudar a Ucrânia, que é um país membro da organização.
«Se as autoridades da Ucrânia pedirem ajuda ao FMI, seja aconselhamento seja apoio financeiro juntamente com discussões sobre reformas económicas, obviamente estamos prontos para fazê-lo», disse Lagarde.
Não é certo que Moscovo continue a pagar um resgate de 15 mil milhões de dólares (10,9 mil milhões de euros) que prometeu a Kiev, com a maior tranche da ajuda russa dependente de um regresso à calma.
A agência Standard & Poor's estimou na sexta-feira que se a Rússia desistisse do resgate, a Ucrânia entraria em incumprimento na dívida de 13 mil milhões de dólares (9,46 mil milhões de euros) que é previsto pagar este ano.
Em Washington, um alto responsável do departamento de Estado norte-americano disse que o secretário de Estado, John Kerry, tinha falado com o homólogo russo, Sergei Lavrov, com quem acordou a necessidade de «resolver a situação no terreno sem violência».
Kerry «exprimiu a importância de encorajar a Ucrânia a avançar no caminho da mudança constitucional, da criação de um governo de coligação, de eleições antecipadas e da rejeição da violência», disse a mesma fonte.
Para o secretário de Estado, «a Rússia, os EUA e as organizações internacionais europeias e internacionais devem trabalhar juntos para apoiar uma Ucrânia forte, economicamente próspera, unificada e democrática», acrescentou.
Já na sexta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, teve «conversações construtivas» com o homólogo russo, Vladimir Putin, com quem insistiu «na rápida implementação de um acordo para pôr fim à repressão e aos protestos na Ucrânia».
Putin e Obama concordaram ainda que o acordo ucraniano teria de ser rapidamente implementado e que todas as partes deveriam abster-se da violência, tendo ainda insistido na necessidade de estabilizar a economia.