Em conferência de imprensa, esta manhã, o MNE em Kiev sublinhou que a Crimeia é território ucraniano e o país não vai abdicar da região autónoma.
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O chefe da diplomacia de Kiev disse ainda acreditar que é possivel encontrar uma solução pacifica para a crise.
A Ucrânia pediu também a presença de observadores internacionais no referendo sobre a reunificação com a Rússia, convocado pela Crimeia para 16 de março, apesar de insistir que não reconhece a legitimidade da consulta popular.
«Seja qual for a decisão deste referendo será ilegal e não há opção que não seja protestar e assinalar à comunidade internacional que os seus resultados não terão efeito. Contudo, insistimos na presença dos observadores internacionais», frisou o ministro interino das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrei Deschitsa, em Kiev.
O governante lembrou que não existe ainda uma decisão sobre o assunto por parte da União Europeia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), as entidades que poderão desempenhar esse papel.
O apelo surge no mesmo dia em que o Serviço de Fronteiras da Ucrânia (SGU) informou que as tropas russas invadiram hoje de manhã um dos seus postos de controlo no autoproclamado Governo da República autónoma da Crimeia e puseram na rua os guardas fronteiriços e suas famílias.
«As forças de assalto russas atacaram um posto de controlo esta manhã. Os agressores agrediram o chefe da guarda, que tentou resistir, e apoderaram-se do arsenal», informou a SGU, em comunicado.
De acordo com os guardas ucranianos, «os agressores invadiram as casas onde vivem com as suas famílias, apreenderam os telemóveis ao chefe do posto de controlo, à sua mulher e aos outros funcionários».
«Sob ameaças com armas de fogo, obrigaram-nos a recolher os seus bens e a abandonar o destacamento», relata a nota da SGU.
Paralelamente, um jornalista televisivo denunciou na sua página na rede social Facebook que um grupo de civis tomou a sede da televisão estatal da Crimeia, impedindo a entrada de trabalhadores, nomeadamente a sua.
O jornalista relata ainda que a invasão da sede televisiva é apoiada pelo autoproclamado Governo da República autónoma da Crimeia, os proprietários da empresa, a polícia regional e «os voluntários de Moscovo».
O prédio foi cercado pelas chamadas forças de autodefesa da Crimeia, homens armados identificados por Kiev como tropas invasoras russas.
A Crimeia tem uma população de dois milhões de habitantes, dos quais 60% de russos, 26% de ucranianos e 12% de tártaros.
As autoridades locais da Crimeia, no sul da Ucrânia, não reconhecem o novo Governo de Kiev e defendem o regresso ao poder do presidente deposto Viktor Ianukovich, entretanto internado em estado grave num hospital de Moscovo por ter sofrido um enfarte.
A crise política na Ucrânia começou a 21 de novembro, com a contestação popular da decisão do Presidente de suspender a aproximação à Europa e reforçar os laços com a Rússia.