Ucrânia pede desculpa ao Japão por ter usado imagem de imperador em vídeo antifascismo
Imagem do imperador Hirohito em tempo de guerra foi removida do vídeo, que também incluía com Hitler e Mussolini, após uma reação furiosa do Japão.
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O governo ucraniano pediu desculpa ao Japão depois de ter incluído uma fotografia do imperador japonês Hirohito, durante uma guerra, num vídeo antifascismo que inclui imagens de Adolf Hitler e Benito Mussolini. Os responsáveis ucranianos retiraram Hirohito do vídeo depois de terem sido pressionados pelo governo do Japão, que nesta guerra impôs sanções à Rússia, emprestou 300 milhões de dólares (281 milhões de euros) à Ucrânia e recebeu centenas de refugiados.
Apesar do incidente "completamente inapropriado", Yoshihiko Isozaki, secretário-chefe adjunto do Governo japonês, disse que Tóquio vai continuar a apoiar a Ucrânia. O vídeo, publicado pelo governo ucraniano no Twitter a 1 de abril, descreveu a invasão da Ucrânia pela Rússia como um "russismo contemporâneo" e incluía as três figuras da II Guerra Mundial acima da mensagem: "o fascismo e o nazismo foram derrotados em 1945".
A decisão de remover a foto de Hirohito e pedir desculpas publicamente está a ser vista como uma tentativa do governo da Ucrânia de não estragar as boas relações com o Japão, um aliado na guerra contra a Rússia.
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O imperador japonês Hirohito foi venerado como um deus vivo. O seu reinado começou em 1926, durante o domínio colonial japonês sobre a península coreana, e apanhou principais desenvolvimentos da guerra do Pacífico, desde o ataque a Pearl Harbor à rendição do Japão após os bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki.
Akihito, o filho de Hirohito que subiu ao trono em 1989, após a morte do pai, passou grande parte do reinado a tentar reparar as relações com as antigas vítimas do Japão. Hoje em dia, os historiadores continuam divididos sobre o grande papel que Hirohito teve na tomada de decisões durante a guerra e os conservadores são sensíveis a qualquer associação feita entre o imperador e as atrocidades cometidas em tempo de guerra pelo Japão imperial.
"Retratar Hitler, Mussolini e o imperador no mesmo contexto é completamente inapropriado. Foi extremamente lamentável", disse Yoshihiko Isozaki aos jornalistas, citado pelo The Guardian.
Depois de retirar a imagem de Hirohito do vídeo, o governo ucraniano fez um tweet onde pediu "sinceras desculpas por ter cometido este erro" e acrescentou que não tinha "nenhuma intenção de ofender o povo amigo do Japão".
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Sergiy Korsunsky, embaixador ucraniano no Japão, também pediu desculpa no Twitter, dizendo que o criador do vídeo "não sabia a história".
Alguns utilizadores japoneses do Twitter continuaram a criticar o vídeo original, apesar do pedido de desculpas, e apelaram ao governo que retirasse o apoio à Ucrânia.