Ucrânia: Rússia convoca reunião do Conselho de Segurança para solicitar missão humanitária
O pedido surge no mesmo dia em que o alto comissariado da ONU para os refugiados fez saber que receia que a intensificação dos combates no leste da Ucrânia possa causar uma nova vaga de refugiados.
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A Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para solicitar o envio de uma missão humanitária internacional ao leste da Ucrânia, onde prosseguem intensos combates entre as forças de Kiev e os separatistas pró-russos.
«A parte russa considera necessário mobilizar a comunidade internacional para ajudar sem demora os habitantes das regiões de Donetsk e Lugansk, onde a situação está à beira da catástrofe humanitária, e promover a formação de uma missão humanitária para essa região da Ucrânia», assinalou o ministério russo dos Negócios Estrangeiros.
O pedido surge um dia depois do chefe da diplomacia de Moscovo, Serguei Lavrov, ter anunciado que a Rússia vai solicitar oficialmente à ONU, à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), ao Conselho da Europa e ao Comité internacional da Cruz Vermelha a organização de uma missão humanitária para o leste da Ucrânia.
Por seu turno, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) reconheceu hoje que, desde o início do conflito no leste, pelo menos 730.000 ucranianos já fugiram do seu país para procurar refúgio na Rússia.
«Os dados fornecidos pela Rússia parecem credíveis. Os ucranianos que cruzaram a fronteira não são turistas. Fugiram da situação no leste da Ucrânia», admitiu em Genebra Vincent Cochetel, diretor do gabinete para a Europa do ACNUR.
Cerca de 120.000 ucranianos já se registaram como deslocados internos, apesar de o ACNUR pensar que o número real pode ser maior, pelo facto de os homens optarem por ocultar essa situação ao governo ucraniano para não serem chamados às fileiras do exército ou por recearem represálias caso regressem a suas casas.
Na cidade de Lugansk, assolada há semanas pela artilharia do exército de Kiev e onde já foram mortos mais de 100 civis desde o final de julho, permanecem cerca de 250.000 habitantes, na maioria reformados e famílias com crianças que não conseguiram abandonar as suas habitações por diversos motivos.
Após várias semanas de combates entre as forças de Kiev e os separatistas nos acessos à cidade, ainda controlada pelas forças rebeldes, começam a escassear alimentos e medicamentos, à semelhança do que sucede em diversas localidades da região.