O governo russo diz que as sanções económicas e políticas não fazem qualquer sentido até porque está em vigor um cessar fogo. Moscovo acrescenta que todas as forças responsáveis na Europa devem actuar com o objetivo de acalmar a situação na Ucrânia.
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A Rússia acusou hoje a União Europeia (UE) de minar o processo de resolução pacífica do conflito na Ucrânia, após o anúncio por Bruxelas de novas sanções contra Moscovo devido ao seu presumível envolvimento na crise ucraniana.
«Com esta decisão, a UE fez praticamente uma escolha contra o processo de resolução pacífica da crise ucraniana», declarou em comunicado o ministério russo dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que «todas as forças responsáveis na Europa» devem pelo contrário atuar com o objetivo de acalmar a situação na Ucrânia.
«Deem por fim uma hipótese de paz às populações», refere o ministério, numa referência a um conflito que se prolongou por cinco meses até ao cessar-fogo anunciado na sexta-feira e que segundo a ONU provocou 2.700 mortos e perto de um milhão de refugiados e deslocados.
O embaixador da Rússia junto da UE, Vladimir Chizhov, considerou as novas sanções um «sinal muito negativo» e sublinhou que Moscovo vai adotar «contramedidas».
«Estas sanções não têm apenas um sentido político ou económico, mas contradizem a lógica elementar», precisou Chizhov citado pela agência noticiosa russa Interfax.
«Permanece em vigor um cessar-fogo no leste da Ucrânia. Mesmo que tenham sido registadas algumas violações, o cessar-fogo funciona (...) É evidente um abrandamento do conflito, tal como a UE apelou por diversas ocasiões», indicou.
«Não esperamos nada de bom [das sanções] e creio que a UE também não deve esperar nada de bom da nossa parte»acrescentou Chizhov.
A Rússia tinha já admitido hoje a preparação de novas medidas de retaliação contra os países ocidentais que impuseram um novo conjunto de sanções, e que preveem designadamente restrições às importações de determinadas viatura ou de produtos da indústria ligeira.
A UE decidiu hoje reforçar as sanções económicas contra a Rússia, mas admitiu estar preparada para as «suspender» ou «abolir» até ao final de setembro, numa tentativa de suavizar as críticas de diversos Estados-membros e não comprometer o frágil processo negocial na sequência do cessar-fogo.
O novo conjunto de sanções, sugeridas no final de agosto ainda no decurso do conflito, agravam o cerco financeiro sobre o Estado russo ao privar as suas empresas petrolíferas e de Defesa de acesso aos capitais europeus, para além de ampliar para 24 nomes a lista de personalidades russas e ucranianas submetidas a um congelamento dos seus bens e proibição de vistos.