“Qualquer suposta missão de paz” que ignore a posição europeia “estará apenas a beneficiar Putin e não trará paz”
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O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou esta segunda-feira, em Bruxelas, que a próxima reunião informal do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia será realizada na capital belga, em vez de Budapeste. A medida é “simbólica” e visa demonstrar o descontentamento com as posições da Hungria em relação à guerra na Ucrânia.
A decisão foi tomada após intensas discussões sobre a proposta de realizar a reunião informal em Budapeste, proposta que gerou controvérsia devido à política externa da Hungria e às declarações do Primeiro-Ministro Viktor Orbán, consideradas contrárias à política da União Europeia.
Borrell entende que a Hungria deve ser penalizada por adotar uma política externa aparentemente contrária à posição comum da União Europeia, lembrando que a posição de Bruxelas sobre a guerra na Ucrânia é a de condenar a agressão russa.
“Qualquer suposta missão de paz que ignore estes fundamentos básicos estará apenas a beneficiar Putin e não trará paz”, afirmou Josep Borrell, revelando que a maioria criticou a atuação do chefe do governo húngaro.
“Com uma única exceção, penso que todos os estados-membros concordaram na necessidade de trabalhar pela paz, mas com base nisto, 25 estados-membros criticaram a ação da Hungria também à luz das suas responsabilidades enquanto presidência rotativa e quase todos os estados-membros insistiram na necessidade de manter a unidade”, detalhou.
Especificando que fala da unidade que está prevista no Tratado da União Europeia, “no artigo 24.3”, sobre o dever de lealdade entre os Estados-Membros, Borrell afirmou que “cada estado-membro é soberano na sua política externa, é verdade, mas, na medida em que são membros deste clube, têm que obedecer aos tratados”.
“Em particular, a este artigo que exige cooperação leal e implementação das posições comuns sobre política externa. Não é algo que se possa optar por fazer ou não. É obrigatório”, vincou, considerando que quem está ao lado de quem considera que a União Europeia é a favor da guerra deve sofrer consequências.
“Bem, consequências formais, consequências simbólicas, nada de grave acontecerá. Mas penso que foi muito mais apropriado mostrar este sentimento e convocar as próximas reuniões informais do Conselho de Negócios Estrangeiros e Defesa para Bruxelas, quando voltarmos das férias”, detalhou.