UE manifesta "extrema preocupação" com violações do cessar-fogo em Nagorno-Karabakh
Os 27 países-membros da União Europeia "apelam a todas as partes para respeitarem o acordo no terreno".
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A União Europeia manifesta "extrema preocupação" com as violações das tréguas em Nagorno-Karabakh, região localizada em território do Azerbaijão mas povoada por arménios, disse este domingo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
"Registamos com extrema preocupação os relatos de atividades militares continuadas, inclusive contra alvos civis, e de baixas civis", afirmou aquele responsável em comunicado.
Os 27 países-membros da União Europeia "apelam a todas as partes para respeitarem o acordo (de cessar-fogo) no terreno", acrescentou.
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Josep Borrell apelou também às partes em conflito para que "iniciem sem demora negociações reais sob os auspícios" do Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Rússia, França e Estados Unidos).
A declaração surge após múltiplas violações do acordo de cessar-fogo supostamente em vigor desde sábado, facto pelo qual as duas partes se acusam mutuamente.
No mês passado, a UE apelou às potências regionais para que se abstivessem de interferir no conflito. Os combates entre as tropas separatistas, apoiadas pela Arménia, e tropas do Azerbaijão desde 27 de setembro têm sido os mais graves desde o cessar-fogo de 1994.
De acordo com o Governo do Azerbaijão, sete pessoas morreram e 33 ficaram feridas em bombardeamentos contra a cidade de Gandja, enquanto o Ministério da Defesa arménio no enclave de Nagorno-Karabakh negou este ataque.
Segundo a agência AFP, a cidade de Stepanakert, capital regional do Nagorno-Karabakh controlada pelos separatistas arménios, foi alvo de bombardeamentos esta noite.
Os jornalistas da AFP no local reportaram três a quatro ondas de bombardeamentos seguidos por uma dúzia de explosões.
Estes bombardeamentos ocorreram apesar do cessar-fogo entre a Arménia e o Azerbaijão que, teoricamente, entrou em vigor ao início da tarde de sábado e foi negociado através de uma mediação da Rússia após duas semanas de intensos combates pela região separatista do Nagorno-Karabakh.
No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do Sul, onde há interesses divergentes de diversas potências, em particular da Turquia, da Rússia, do Irão e de países ocidentais.
Este território, de maioria arménia cristã, integrado em 1921 no Azerbaijão muçulmano pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991, com o apoio da Arménia.
Na sequência da uma guerra que provocou 30 mil mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e EUA), constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas permaneceram frequentes.
Em julho deste ano, os dois países e ex-repúblicas soviéticas envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.