É um alerta do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. O sistema de vigilância da União Europeia não consegue acompanhar a crescente entrada no mercado de novas substâncias psicoativas.
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O relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, que hoje vai ser apresentado em Lisboa, e que reúne dados relativos aos 28 estados membros da União Europeia (UE), indica que este é um problema que urge resolver, tanto mais que o consumo de drogas sintéticas está a aumentar ao contrário do consumo das drogas tradicionais.
Uma situação que, segundo este documento, aumenta os riscos para a saúde porque se desconhecem os efeitos que muitas destas substâncias têm na saúde dos consumidores.
De acordo com o relatório, no ano passado, o sistema de alerta rápido da UE notificou o aparecimento de 81 novas substâncias psicoativas, elevando para mais de 350 o número de substâncias sob vigilância. Uma vigilância que não tem sido acompanhada por um eficaz sistema de avaliação de riscos. O documento reconhece mesmo que das 350 substâncias detetadas, apenas quatro foram sujeitas a avaliações em 2013 e duas já este ano.
O relatório diz que estes números revelam que o sistema de alerta está sob pressão devido ao crescente volume e variedade deste tipo de substâncias. Na base deste problema está o facto de serem poucos os estados membros que possuem sistemas de vigilância rigorosos para emergências médicas relacionadas com o consumo de drogas.
Assim, as notificações sobre efeitos adversos, óbitos e intoxicações agudas acabam por não entrar no sistema, não permitindo um acompanhamento consistente, o que é vital para se identificar as ameaças à saúde no espaço europeu.
Apesar de classificar como positivo o recuo no consumo de heroína assim como o recuo do número de mortes por overdose e infeções por VIH por via desta droga, o relatório adverte que tal pode estar estar associado a substituição desta droga por outras substâncias, nomeadamente opiáceos e estimulantes sintéticos.
O relatório revela ainda que um quarto da população adulta da UE, ou seja, cerca de 80 milhões de pessoas, já consumiram uma droga ilícita, sendo que destes, 74 milhões reconhecem ter consumido cannabis, o que faz dela a droga mais usada no espaço europeu. A seguir, no ranking das drogas mais procuradas, surge a cocaína, depois as anfetaminas e o ecstasy.
O estudo revela também que o nível de consumo difere em função do país. Portugal esta incluído no grupo em que 1 em cada 10 adultos já consumiu - um grupo que integra a Bulgária, Chipre, Roménia e Turquia.
A Dinamarca, a França e o Reino Unido estão no outro extremo - um terço dos adultos destes países já consumiu drogas. Quanto à população escolar, jovens com 15-16 anos, o relatório revela que 1 em cada 4 já utilizou uma droga ilícita , sendo a cannabis a mais utilizada.