O dia em que um avião acabou no rio. Amaragem que ficou para a história foi há dez anos
Um dos mais famosos voos da história esteve no ar apenas cinco minutos. A colisão com um bando de pássaros forçou o piloto a uma amaragem no rio Hudson. Os 150 passageiros e os cinco tripulantes saíram sãos e salvos.
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Parece que foi ontem, mas já passaram dez anos sobre aquele que ficou conhecido como o milagre no rio Hudson. Poucos foram os aviões que ficaram pouco tempo no ar após a descolagem. Mas foi o que aconteceu na manhã de 15 de janeiro de 2009, em Nova Iorque.
Nesse dia, como hoje, os relatos ficam na memória de todos os que assistiram, ao vivo, na televisão ou na rádio à "aterragem" de emergência feita por um herói de carne e osso.
Depois de descolar do aeroporto de La Guardia, em Nova Iorque, o avião chocou com um bando de pássaros, perdendo os dois motores e obrigando o piloto a tomar uma decisão arriscada.
Os primeiros sinais de problemas surgiram três minutos após levantar voo. O comandante contactou a torre de controlo, que discutiu as opções de aterragem. Não havia tempo e não era possível voltar a La Guardia.
"Vamos aterrar no Hudson", informou o piloto. Em poucos minutos, o Airbus A320 desaparecia dos radares para amarar no rio Hudson. A alternativa era embater contra os prédios e despenhar-se na área metropolitana de Nova Iorque - uma catástrofe inimaginável.
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Os mais de 40 anos de experiência do comandante Chesley Sullenberger ("Sully") deram-lhe o sangue frio necessário para evitar a tragédia. Ele, o copiloto e toda a tripulação ajudaram os 150 passageiros, quase um a um, a sair do avião pelas mangas de emergência.
Bombeiros, tripulações de ferry boats e mergulhadores da polícia ajudaram a recolher passageiros e tripulantes das águas geladas do rio.
Apesar de toda a gente ter saído sã e salva, as primeiras investigações tentaram imputar responsabilidades ao piloto, indicando que o aparelho poderia ter voltado para trás e aterrado no aeroporto em segurança. "Sully" defendeu-se, argumentando que os pilotos que simularam o acidente (já numa fase de investigação posterior) fizeram-no sabendo de antemão que o avião tinha colidido com pássaros, perdido os dois motores e precisado de uma aterragem de emergência. Informações que na hora H, a da tomada de decisão, o comandante Chesley Sullenberger não dispunha.
Perante os argumentos, sucedeu-se uma nova série de simulações, que tiveram em conta o tempo de resposta e o tempo necessário para executar as listas de verificação de emergência. E no final, nenhuma concluiu que o Airbus A 320 pudesse aterrar em segurança. Ou seja, foi o fator humano que fez toda a diferença.
A história real foi revivida na ficção, no filme de Clint Eastwood, protagonizado por Tom Hanks.
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O comandante Sullenberger reformou-se em 2010, depois de 30 anos ao serviço da companhia US Airways. Atualmente, é consultor de segurança, na aviação.
O Airbus A320, que amarou no rio Hudson, está em exibição no "Carolinas Aviation Museum", na Carolina do Norte.