Um país com mais livros e menos armas, desmatamento zero e sem fome: "o Brasil está de volta"
Lula da Silva é o novo Presidente do Brasil com cerca de 51% dos votos. O combate à fome, à pobreza e o "desmatamento zero" da Amazónia serão algumas das prioridades de Lula num país que "precisa de paz e união".
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Após ser eleito como novo Presidente do Brasil para o seu terceiro mandato, as primeiras palavras de Lula da Silva foram de agradecimento a "cada companheiro de campanha" e a Deus.
"Na vida inteira achei que Deus sempre foi muito generoso comigo para permitir que eu chegasse onde cheguei", afirmou.
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"Tentaram enterrar-me vivo." Lula da Silva recorda Operação Lava Jato
Depois dos agradecimentos, eis o discurso de vitória eleitoral: após o calvário que passou durante a Operação Lava Jato, pela qual esteve preso durante 580 dias, Lula da Silva considera-se "um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileira".
"Tentaram enterrar-me vivo e eu estou aqui para governar esse país numa situação muito difícil, mas eu tenho fé em Deus que, com ajuda do povo, vamos encontrar uma saída para que esse país volte a viver democraticamente e possamos restabelecer a paz", disse o novo Presidente eleito do Brasil.
Para Lula da Silva, a vitória não foi frente "um candidato", mas sim sobre "a máquina do Estado brasileiro, colocada a serviço do candidato para evitar que ganhasse as eleições".
"Chegámos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa História, um frente a frente de dois projetos opostos e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro", refletiu.
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"É hora de baixar as armas." Lula quer saúde, educação, cultura e esperança para os brasileiros
Lula da Silva acredita que o povo brasileiro deseja "democracia, inclusão social, respeito e entendimento entre os brasileiros, liberdade, igualdade, fraternidade".
"O povo brasileiro quer viver bem, quer comer bem, morar bem, um emprego, um salário justo, ter saúde, educação, políticas públicas de qualidade, liberdade religiosas, livros em vez de armas, acesso a todos os bens culturais, quer ter de volta a esperança. É assim que eu entendo a democracia, como algo palpável que sentimos na pele", sustentou.
"O Brasil precisa de paz e de união, o povo não quer mais brigar, o povo está cansado de enxergar no outro o inimigo. É hora de baixar as armas!"
Ainda que tenha perdido para Bolsonaro há quatro anos e agora tenha falhado a eleição para governador de São Paulo, Lula da Silva deixou ainda um agradecimento especial a Fernando Haddad, que "fez uma campanha extraordinária".
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Combate à fome é prioridade número 1
Lula da Silva afirmou que a sua primeira prioridade enquanto Presidente do Brasil será "acabar com a fome outra vez".
"Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças não têm o que comer. Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos, temos o dever de garantir que todo o brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias", defendeu.
"Não podemos aceitar como normal que famílias inteiras sejam obrigadas a morar nas ruas, por isso vamos retomar o "Minha Casa Minha Vida" com prioridade para famílias de baixa renda", adiantou.
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"O Brasil está de volta." Lula quer "retomar o diálogo"
Além do combate à pobreza e à fome, Lula quer "retomar o diálogo". "É mais do que urgente retomar o diálogo entre povo e governo. As grandes decisões políticas que impactam a vida de 215 milhões não serão tomadas na calada da noite, mas sim após um amplo diálogo com a sociedade", garantiu.
"Que ninguém duvide da força da palavra quando se trata de buscar o entendimento e o bem comum", frisou.
Lula considerou que o mundo "sente saudade do Brasil soberano, que falava de igual para igual com os países mais ricos e contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres". "Hoje estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta", referiu.
"Vamos reconquistar a credibilidade e a estabilidade do país para que os investidores retomem a confiança no Brasil. Queremos comércio internacional mais justo e retomar parceira com os EUA e UE. Vamos reindustrializar o Brasil, investir na economia verde e digital, queremos exportar inteligência e conhecimento."
"Roda da economia vai voltar a girar." Lula quer combater violência contra as mulheres, o racismo e o preconceito
A partir de agora, a "roda da economia vai voltar a girar, com os pobres fazendo parte do orçamento", disse Lula da Silva.
O Brasil vai "fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres" e "enfrentar sem trégua o racismo, o preconceito, a discriminação".
"A partir de 1 de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para os que votaram em mim. Não existe dois Brasis", sublinhou.
"O Brasil precisa de paz e de união, o povo não quer mais brigar, o povo está cansado de enxergar no outro o inimigo. É hora de baixar as armas", exclamou.
O combate à crise climática e o "desmatamento zero da Amazónia"
A causa ambiental e a proteção da Amazónia são outras das prioridades para Lula da Silva, que novamente eleito pelo Partido dos Trabalhadores, apresentou um Brasil "pronto para se juntar ao combate à crise climática".
Lula da Silva garantiu que o Brasil vai lutar pelo "desmatamento zero da Amazónia", porque "o Brasil e o planeta precisam de uma Amazónia viva".
"Vamos retomar o monitoramento da Amazónia e combater toda a atividade ilegal", afirmou.
"Vamos reconquistar a credibilidade e a estabilidade do país para que os investidores retomem a confiança no Brasil. Queremos comércio internacional mais justo e retomar parceira com os EUA e UE. Vamos reindustrializar o Brasil, investir na economia verde e digital, queremos exportar inteligência e conhecimento", referiu.
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"Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça", disse.
Citando o Papa Francisco, que pediu para que o povo brasileiro "fique livre do ódio", Lula da Silva deseja o mesmo e vai "trabalhar sem descanso" para cumprir esse objetivo.
"Todos os dias da minha vida eu lembro-me do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo. A maior virtude de um governante é o amor pelo seu país e pelo seu povo. Não faltará amor a este país. Viveremos um novo tempo, de paz, amor e esperança. Para isso convido cada brasileiro: vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une do que para as nossas diferenças", pediu Lula da Silva, agradecendo novamente ao povo brasileiro.
"A nossa luta não começa e não termina com a eleição, a nossa luta pela conquista de um país justo será uma luta até ao fim da nossa vida. Eu determinei-me: o Brasil é minha causa, o povo é minha causa, combater a miséria é a razão pela qual eu vou viver até ao fim da minha vida", concluiu.
