21 é o número de mulheres que conseguiram ser eleitas na Arábia Saudita, a 12 de dezembro. Pela primeira vez, elas puderam votar e ser votadas. A TSF conversou com uma ativista que quis integrar as listas de candidatas, acabou expulsa, mas não desiste da luta. Naseema al-Sadah conta que foi votar feliz e com a esperança de as mulheres eleitas darem agora conta do recado, porque ela não pode.
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Naseema al-Sadah está a sair do tribunal. Conta, desiludida, que o segundo recurso foi rejeitado. "Há um documento do Ministério do Interior que diz para retirarem o meu nome das listas. Mas não me apresentaram qualquer motivo, por isso vou avançar com um novo recurso".
Naseema al-Sadah não desiste. É ativista na Arábia Saudita e apresentou-se como candidata nas primeiras eleições onde as mulheres puderam votar. A justiça impediu-a, mas não travou o mais importante. "Fui votar com a minha mãe e fiquei muito feliz por causa disso.... apesar de ter perdido o meu direito a ser candidata. Mas... eu nunca abdiquei dos meus direitos como eleitora. Sim... fui e estou feliz, mesmo estando chateada por terem afastado o meu nome".
Apesar de considerar que este foi um passo muito pequeno, foi também valioso. 21 mulheres conseguiram ser eleitas. Uma surpresa para Naseema, "foi boa! Foi uma surpresa boa, especialmente porque o resultado foi transversal a todo o país. Não aconteceu só na capital. Houve votos em todas as cidades para as mulheres".
A eleição é uma conquista que não está fechada. A ativista saudita considera que agora, estas mulheres têm de provar que merecem o lugar. "O problema é que se estas mulheres, que foram eleitas, não conseguirem fazer nada - qualquer reforma... - e mostrar o seu trabalho, as pessoas vão ficar desiludidas. Por isso, estas mulheres vão ter de trabalhar muito para conquistarem a confiança da sociedade".
Ao contrário de muitas opiniões, Naseema al-Sadah sugere uma visão global às novas mulheres políticas. "Algumas pessoas pensam que as mulheres que foram eleitas devem, apenas, defender as mulheres, mas isso não é verdade. As mulheres eleitas devem cuidar de toda a sociedade: homens, mulheres, crianças... todos. Temos de nos comportar com uma sociedade civilizada".
Na costa leste da Arábia Saudita, na cidade de Qatif, Naseema al-Sadah promete continuar a lutar por um lugar na política e por novos passos no campo do direitos das mulheres.