Uma Casa Portuguesa em São Paulo. Maria João volta a Portugal se Bolsonaro perder
Maria João é portuguesa, vive há 22 anos no Brasil e vai votar em Jair Bolsonaro. Caso o candidato não vença, a empresária pensa mesmo em regressar a Portugal. "Estamos a precisar de uma mudança", garante.
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No número 656 da Rua Cunha Gago, em Pinheiros, São Paulo, há uma Casa Portuguesa, com certeza. "Neste restaurante só entram coisas portuguesas, só vinhos portugueses - desde vinhos do Alentejo, ao Douro, ao Dão -, procuramos ter um bocadinho de cada, as águas, a Super Bock. Os doces são fabricados aqui mas temos pastéis de Belém - não são tão bons, mas são muito bons. O bacalhau, a sardinha portuguesa. Procuramos usar o máximo de produtos portugueses."
Maria João tem um 'açúcar' no sotaque que se deve aos 22 anos em São Paulo. "Sou do Porto, conheci um brasileiro, casei e vim morar aqui. Estudei enfermagem lá, trabalhei como enfermeira mas quando cheguei ao Brasil tinha de fazer alguma coisa enquanto o diploma estava para revalidar e surgiu a ideia porque não encontrava nenhuns produtos no Brasil", recorda.
Começou por uma loja de produtos portugueses, "vendia o que conseguia trazer de Portugal", um negócio "que foi indo", até que chegou ao atual restaurante português em solo brasileiro.
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O restaurante tornou-se um "núcleo de portugueses" que chegavam com saudades de "uma água das pedras, de uma Super Bock, de uma alheira". "Hoje temos o inverso, pessoas que vêm aqui para se acostumar porque estão a ir para Lisboa ou para o Porto".
O ambiente político também entra na casa portuguesa. "Estamos a viver uma situação um pouco complicada no Brasil, aqui também no restaurante, também sentimos uma queda nas vendas, sente-se desânimo e as pessoas cansadas e querendo uma mudança e uma vida melhor, não só financeiramente mas em todos os sentidos, na segurança, na educação, na saúde, estamos a precisar de uma mudança em tudo", explica Maria João.
A dona do restaurante "não queria ser tão explícita", mas questionada sobre o sentido de voto, não hesitou. Vai votar em Jair Bolsonaro. "Do jeito que está, está mal. Precisamos que ocorra alguma coisa, talvez não seja o melhor candidato, aquele que achava que seria o ideal, mas é o que temos agora e precisamos de uma mudança", justificou.
"Muitos [amigos portugueses] estão a pensar voltar para Portugal, até eu, se a coisa não mudar coloco essa hipótese. Se continuar do jeito que está eu volto", admitiu.